Tuesday, January 30, 2007

A lógica econômica do iPhone - parte 1

Nos próximos posts falarei sobre a lógica econômica por trás do iPhone e a parceria entre a Apple e a Cingular, a operadora de telefonia norte-americana que terá exclusividade de comercialização do aparelhinho mais cobiçado do momento por dois anos. Essa análise leva em conta pesquisas feitas pela firma de investimentos PiperJaffray.

1 - Qual a lógica econômica na parceria da Apple com a Cingular?
Apesar das empresas revelarem poucos detalhes sobre a parceria, pode-se confirmar algumas coisas. Cada cliente que comprar o iPhone deverá obrigatoriamente assinar um contrato de dois anos com a Cingular, independente de que empresa comprar o aparelho. Não é crível no momento a possibilidade da Cingular subsidiar o iPhone. Ao manter um preço alto, a Apple evitará um eventual desgate de imagem, como aconteceu com a Motorola há pouco tempo, quando reduziu o preço da linha RAZR em US$50 por ocasião da entrada dos produtos da nova linha premium KRAZR. A redução de preços foi feita com subsídios das operadoras mas a economia vista pelos cilentes na compra de um aparelho RAZR ocasionou perda de vendas da nova linha premium.

Em segundo lugar, a Apple não pode permitir o subsídio de aparelhos pela Cingular, pois isso canibalizaria as vendas do iPhone nas próprias lojas da Apple. Entretanto, é possível para a Cingular reduzir os custos totais do iPhone com a redução de taxas dos seus serviços e o oferecimento de desecontos em seus planos aos clientes do iPhone, independente de terem comprado o aparelho numa loja Cingular ou Apple.

A Cingular se beneficia dos assinantes adicionais e do "barulho" causado pelo aparelho. A Apple, por sua vez, se beneficia por ter à disposição a base da maior operadora dos Estados Unidos como mercado inicial para o telefone/iPod etc. Acredita-se que a Cingular adotará uma estratégia agressiva para novos clientes durante o lançamento do iPhone reduzindo as taxas e dando descontos em planos. É importante também salientar que a parceria com a Cingular evita que a Apple envolva-se em cobranças ou assinaturas de serviços "wireless".

A operadora também já confirmou que não há planos de divisão de receitas de clientes adicionais da loja da iTunes, que irão comprar músicas por ocasião da compra do aparelho. Também afirmou que o nome "Cingular" não aparecerá no aparelho, somente na tela ao lado do sinal. O ponto-chave para a Cingular nesta ação é a adição de clientes que podem vir a se tornar usuários importantes dos serviços de valor agregado que a operadora oferece.

2 - Quanto custa para mudar de operadoras (nota: valores para o mercado norte-americano)

Já que o iPhone será vendido somente para clientes da Cingular, os que usam outras operadoras terão que mudar para a Cingular para poder usar o telefone. Com algumas contas, dá para estimar o custo desta troca para o cliente. A média de duração de um contrato é de dois anos, o que significa que mais ou menos 25% dos contratos dos clientes das outras operadoras expirará nos proximos seis meses (entre janeiro e junho). A menos que os clientes esperem seus contratos expirarem, eles precisarão cancelar seus contratos por um valor entre US$175-US$200. As taxas de cancelamento para as maiores operadoras são: Sprint US$200, T-Mobile US$200, e Verizon US$175.

Além de cancelar o plano atual, os clientes precisarão assinar um plano de dados EDGE da Cingular (entre US$19.99-US$44.99) e pagar a taxa de ativação da Cingular(US$36). Mas acredita-se que a Cingular mitigará essa barreira à adoção oferecendo um plano mais barato para o iPhone.

No pior cenário, a troca poderia custar US$236 mais o custo do iPhone (US$499 ou US$599) mais o serviço mensal de voz e dados (o mais barato custa US$78). Neste caso, o custo total da troca ANTES DO CONTRATO COMEÇAR A VALER seria de mais ou menos US$736 para o modelo de 4GB ou US$836 para o de 8GB. Salgado, né? Mas os pesquisadores acreditam que a Cingular oferecerá descontos nos serviços para os clientes do iPhone com o objetivo de atrair o público.

No próximo post: "As empresas adotarão o iPhone?", e "o iPhone estará disponível para outras operadoras?"

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