Wednesday, December 27, 2006

David Blaine

Crianças, não tentem fazer isso em casa...
David Blaine é o cara. Vi hoje um documentário em que ele tenta bater o recorde mundial de tempo submerso sem respirar. A história é intercalada com algumas mágicas dele...tipo essa:

Estudo exime BC de rigor excessivo no juro

Estudo apresentado no encontro da Associação Nacional dos Centros de Pós-graduação em Economia (Anpec) neste mês alimenta a discussão sobre se o Banco Central tem sido excessivamente conservador na política monetária. Os economistas Paulo Chananeco Barcellos Neto e Marcelo Portugal chegaram a uma polêmica conclusão: não houve exageros.

Geralmente, avaliações sobre as decisões do BC são feitas de maneira pouco formal e com doses de subjetividade. Os economistas procuram usar parâmetros mais concretos e científicos em seu julgamento.


O estudo calcula, em primeiro lugar, uma espécie de fronteira que separa o que seria uma política monetária excessivamente conservadora de uma política leniente. O marco usado é o que se chama taxa natural de juros - ou taxa de equilíbrio.


De forma simplificada, a taxa natural de juros é a que mantém a economia em pleno emprego e que não acelera nem desacelera a inflação. Num regime de metas de inflação, é aquela que mantém a inflação na meta e o nível de utilização da capacidade da economia compatível com o cumprimento desse objetivo.


O passo seguinte do trabalho foi comparar essa taxa natural com os juros reais que realmente aconteceram na economia. Se o BC colocou em prática juros reais maiores do que a taxa natural, significa que foi excessivamente conservador. Se os juros ficaram abaixo, foi leniente.


Os economistas calcularam uma taxa natural média (medida em termos reais, ou seja, descontada a inflação) de 9,55% ao ano, no período entre setembro de 1999 e setembro de 2005. Os percentuais foram calculados a partir de um modelo macroeconômico que procura reproduzir o equilíbrio entre oferta e demanda agregada.


"Se tivéssemos obtido uma taxa natural de juros de 2% ou 3%, por exemplo, poderíamos dizer que o BC tem sido muito conservador; e, se a taxa encontrada fosse 15%, aí diríamos que o BC foi menos conservador do que deveria ter sido", afirma Barcellos. "A conclusão é que o BC operou muito próximo do que seria a nossa taxa natural de juros."


Barcellos e Portugal compararam, mês a mês, quanto foi a taxa real de juros na economia com o que seria a taxa natural de juros nesses momentos. A conclusão é que, na média, os juros reais ficaram 0,01% abaixo do que seria a taxa natural de juros.


Em alguns momentos, como em fins de 2004, quando o BC começou a apertar a política monetária, os juros reais ficaram pouco acima da taxa natural. A partir de meados de 2005, ficam abaixo. Em ambos os casos a diferença foi pequena.


Nos dois momentos, porém, a distância não é muito grande.


Além de comparar os juros reais com a taxa natural, os economistas também procuraram confrontar a taxa natural com os juros reais que, imagina-se, o BC estaria procurando atingir em cada uma de suas decisões de política monetária. Sabe-se que os bancos centrais têm controle apenas da taxa de juros de curto prazo, mas não da curva de juros nominal de longo prazo. E que a taxa de juros reais efetivamente ocorrida depende, além dos juros nominais, também da inflação. Ou seja, pode haver uma distância entre o juro real ocorrido e o perseguido pelo BC.


Eles trabalharam com a hipótese de que o BC, a exemplo de outros BCs do mundo, fixa os juros reais de forma padrão, na qual metas de inflação são atingidas com menor custo possível em termos de crescimento.


Os economistas chegaram à conclusão de que, na média, o BC buscava na suas decisões juros reais 1,96% abaixo da taxa natural. Por esse termômetro, o BC esteve mais para leniente que para conservador. A boa notícia é que a taxa natural de juros muda ao longo do tempo - e que, daqui por diante, pode cair.

Saturday, December 02, 2006

The Vibes - 1 by DJ Vieira

Quem quiser se divertir um pouco e ouvir um set de música eletrônica que eu preparei, clique aqui e baixe. O formato é mp3 e o tamanho do arquivo é 58,6MB. São 44 minutos!
As passagens de uma música pra outra ainda estão horríveis, mas vou treinando. O importante por enquanto é vocês falarem mais sobre a sequência das músicas: se está boa, se mantém o ritmo etc.
Qualquer comentário é bem vindo.

O link acima é válido por sete dias a partir de hoje. Se depois disso alguém ainda quiser ouvi-lo, deixe um post por aqui com seu e-mail e terei prazer em enviar-lhe.

Saturday, November 18, 2006

Visão depois da chuva fria...
Já estou com saudades! Esperando o novo inverno chegar!

Friday, November 17, 2006


Milton Friedman morreu ontem. 94 anos. Um dos três ou quatro maiores economistas da época humana, certamente.

Keynes x Friedman, o herdeiro de Adam Smith. A visão de que o Estado deveria estimular a economia vs. As idéias de Friedman, que pregava a ausência do Estado (com exceção do uso de política monetária, daí sua classificação em monetarista) a fim de deixar o mercado regular as trocas entre os agentes econômicos.

Era um expoente da Escola de Chicago, que se opunha aos colegas do M.I.T e Harvard.

Seu argumento mais amplo era o de que era necessário ter liberdade econômica para se ter liberdade política. Afirmava que proibir, regular ou licensiar comportamentos humanos (como por exemplo, drogas ou até mesmo carteiras de motoristas) ou não funcionava ou criava burocracias ineficientes, defendendo a iniciativa priva totalmente desimpedida como a melhor alternativa para obtenção de resultados.


“In every generation, there’s got to be somebody who goes the whole way, and that’s why I believe as I do.”

Thursday, November 16, 2006

Ela não tem a mínima idéia sobre o que está falando

Olhando essa situação, você deixaria essa mulher tomar conta do seu dinheiro hoje em dia?



A verdade é que aqueles foram tempos confusos. Não dá pra defender o confisco, mas na teoria foi a única maneira. Teoricamente foi a única maneira. Explico em outra oportunidade.

Novo DJ na praça

Novo DJ na praça...quem quiser música de qualidade é só deixar um recado com telefone de contato!
Quem ouviu achou bom...



Wednesday, November 15, 2006

Filmes de plástico

Hoje vi um filme chamado Annapolis. Mais um sobre militares americanos, só que da Marinha. Mostra um mundo certinho onde tudo dá certo no final e a instituição sempre forte e intocável. Na volta para casa, ouço que um militar confessou sua participiação no estupro de uma garota de quatorze anos no Iraque.
O que é verdade e o que é mentira?

Mudanças

Resolvi prestigiar ainda mais Nosso Guia.
A partir de agora, ele terá um blog só dele. Era só o que faltava pra ele chegar mais perto do Criador. Fiz esse favor a ele.
Os textos de teor político que vocês liam aqui agora lerão em outro lugar. A linha de sombra continuará, agora concentrando-se no debate econômico, expondo teorias e história.
Divirtam-se.

Friday, November 10, 2006

O boom exportador chegou ao fim?

No último meio século as exportações brasileiras cresceram 9,2% ao ano, em valor, um ritmo semelhante ao do comércio internacional, que aumentou 9,9% ao ano. A preços constantes as taxas são ainda mais parecidas: 6,3% e 6,4% ao ano, respectivamente. Porém, ao contrário do observado para o total mundial, em que oscilações no desempenho individual dos países se compensam, o ritmo de expansão das exportações brasileiras variou muito. Na maior parte desse período o Brasil perdeu participação no comércio internacional, recuperando-a parcialmente em apenas três momentos: 1968-74, 1979-84 (época da fase "Milagre Econômico") e 2003-05, quando nossas exportações aumentaram 25%, 16% e 25% ao ano, respectivamente. Este ano, com uma expansão projetada de 14,2%, as vendas externas devem ir bem outra vez.

A análise destes três episódios revela a importância de cinco fatores principais na determinação do desempenho exportador: taxa de câmbio, incentivos tributários e creditícios, baixa pressão da demanda interna sobre a capacidade produtiva, ritmo de crescimento da economia mundial e preço das exportações. Os três primeiros foram particularmente relevantes em 1967-73 e 1979-84. Nestes períodos o câmbio se desvalorizou, foram criados diversos incentivos, inclusive subsídios depois proibidos pela OMC, e feitos grandes investimentos que permitiram expandir a oferta além do necessário para suprir o mercado doméstico. Em especial, em 1979-84 a desaceleração da demanda doméstica coincidiu com a maturação de grandes projetos de investimento para os quais a exportação, às vezes a custos variáveis, evitou maiores prejuízos. A expansão da capacidade produtiva e a natureza dos subsídios explicam um traço distintivo desses dois episódios, a grande diversificação setorial da pauta exportadora. Em 1968-74 também foi fundamental o forte aumento de preços em dólares, de 12% ao ano, que em 1979-84 ficaram estagnados.

O boom exportador de 2003-06 também decorreu em parte da forte depreciação cambial - descontada a inflação, em 2002-03 o real esteve 89% mais desvalorizado do que em 1997-98. Os incentivos tributários foram igualmente importantes, não por conta de novas medidas de estímulo, mas devido ao aumento da carga tributária - de 29,6% do PIB em 1997-98 para 37,4% do PIB em 2005. Como as exportações são isentas da maioria dos tributos, o aumento da carga as tornou relativamente mais atraentes. Ao contrário dos dois episódios anteriores, porém, não houve a maturação de novos investimentos importantes - em 1999-2002 a taxa de investimento a preços de 1990 foi 1,6% do PIB inferior à de 1995-98 - o que ajuda a explicar por que a recente expansão se deu sem alterações setoriais significativas na pauta de exportações. O que de fato contribuiu para estimular as exportações, neste caso, foi a estagnação da demanda interna, que em 2001-05 caiu 0,3%.

A expansão da economia mundial e dos preços em dólares também explica muito do recente boom, que nesse aspecto se assemelha ao de 1968-74. Em 2003-06 o comércio internacional se expandiu, em termos reais, cerca de 8,6% ao ano, quatro vezes os 2,2% observados em 2001-02 e perto dos 9,7% de 1968-74. O maior destaque, porém, foi o grande aumento dos preços, em dólar, das exportações brasileiras, de 10% ao ano, contra uma queda de 5% ao ano em 1999-2002. Contribuíram para isso, como em 1968-74, a depreciação do dólar e a política monetária frouxa nos países industrializados, que diminuiu o custo de manter estoques, inclusive os de natureza especulativa. Em particular, a taxa de câmbio efetiva real dos EUA se desvalorizou cerca de 4,7% ao ano em 2003-06, quase o dobro dos 2,5% ao ano de 1968-74.

Ainda que nos últimos anos as exportações brasileiras tenham superado as projeções mais otimistas, dificilmente isso se repetirá no próximo quadriênio. O mais provável é que elas entrem outra vez numa expansão em marcha lenta, como na maior parte dos últimos 50 anos. Vários fatores contribuiriam para isso. A forte apreciação da taxa de câmbio, que, medida em relação ao dólar e descontada a inflação, deve fechar este ano exatamente no mesmo nível que em dezembro de 1998, véspera da flutuação do real. O real desvalorizado de 1999-2003 estimulou uma forte expansão da base de empresas exportadoras, de 13,9 mil em 1998 para 17,9 mil em 2004. Para várias dessas empresas o real depreciado financiou investimentos iniciais de descoberta e entrada em mercados, e agora elas poderão neles permanecer mesmo com uma taxa de câmbio menos favorável. Mas para muitas, possivelmente a maioria, a apreciação do real dos últimos três anos forçará o abandono das exportações.

A recuperação da demanda doméstica, depois de um período de baixo investimento, também aumentará o custo de oportunidade de exportar. O Ipea prevê que a demanda doméstica cresça 4,7% ao ano em 2006-07, o que não é pouco, considerando que em 2003-05 a taxa de investimento a preços de 1990 ficou 1,3% do PIB abaixo do já reduzido patamar de 1999-2002. Os estímulos tributários também devem perder força, na margem, como estímulo às exportações: ainda que a carga tributária deva continuar aumentando, é improvável que o faça no mesmo ritmo dos últimos anos.

As notícias em relação à economia mundial também não são boas. O crescimento do comércio internacional deve desacelerar em 2007, ainda que permanecendo num patamar elevado. O cenário para os preços das exportações é menos alvissareiro. O dólar deve continuar a se depreciar, mas bem mais lentamente que em anos recentes, o que em um ambiente de crescimento mais lento do PIB mundial e após a subida dos juros nas economias industrializadas não será suficiente para impedir uma reversão na tendência do preço das commodities não-petróleo. O FMI projeta uma queda de 5% em 2007, depois de uma escalada de 17% ao ano em 2004-06. Novas quedas podem ocorrer nos anos seguintes.

Tudo faz crer, portanto, que o boom exportador está chegando ao fim. Resta saber se desta vez serão os pessimistas a serem surpreendidos por uma expansão ainda menor do que a prevista pelo mercado, de 5% ao ano, em valores correntes, em 2007-10.

Tuesday, November 07, 2006

O Brasil é maior que a reeleição

Goste-se ou não do resultado das urnas, o fato é que o país vai sobreviver a qualquer ocupante do Palácio do Planalto -- por pior que seja sua gestão


Por J. R. Guzzo


A única coisa de bom que se pode dizer sobre a reeleição do presidente Luiz Inácio Lula da Silva para mais um mandato é que esta foi a decisão da maioria do eleitorado brasileiro, expressa nos 60% de votos que obteve no segundo turno. Pior, para o Brasil, seria ter um presidente que a maioria não quer, ou não ter aquele que quer, como já aconteceu tantas outras vezes. Agora, pela quinta vez seguida, o país elege seu presidente da República pelo voto livre, direto e eletrônico, algo que, considerando-se as desordens do passado, já é um grande avanço e, também, um patrimônio a ser preservado. Todo mundo tem o direito de achar que Lula foi e continuará sendo um presidente muito ruim, mas qualquer outra atitude que não seja aceitar a decisão das urnas é erro em estado 100% puro. Os que não queriam que ele fosse reeleito tiveram sua oportunidade de derrotá-lo nas eleições encerradas no dia 29 de outubro; se não conseguiram, paciência. Nas quatro eleições que perdeu, três para a Presidência e uma para o governo de São Paulo, Lula disse que o eleitorado não sabia votar, como dizem hoje muitos de seus adversários. Talvez estivesse certo, mas esse é o único eleitorado que existe -- e é com ele que o país tem de conviver.

É bom lembrar, também, que o Brasil não acaba com a reeleição de Lula, até porque continuará a haver eleições -- e elas servem como porta de entrada e de saída. Tem tudo para ficar pior, pois o governo está longe de esgotar toda a capacidade de sua caixa de ferramentas; se as calamidades que produziu ao longo dos últimos dois anos não impediram que o presidente tenha sido reeleito, por que fazer algo diferente do que vem fazendo até agora? Fica pior mas sobrevive, como já sobreviveu. Dizia-se que ou o Brasil acabava com a saúva, ou a saúva acabava com o Brasil. Nunca se soube, exatamente, o que aconteceu com as saúvas. Supõe-se que tenham acabado, já que o Brasil não acabou. Também não vai acabar agora.

Cheiro de queimado

O público brasileiro vem sendo informado, pelo governo e por políticos das suas redondezas, que o grande problema do país é São Paulo. Por acharem que falar mal de São Paulo rende votos, por acreditarem que o Brasil está sempre precisando de algum problema novo ou simplesmente por falta do que dizer e fazer, os defensores da idéia vêm tentando transformar numa acusação mais ou menos tudo que possa ser tido como paulista. É como se faz com a elite, a privatização ou outras palavras que integram a atual lista negra da política nacional: passou a ser um genérico de coisa ruim. O presidente Lula, que vive desde os 6 anos de idade em São Paulo, nessas horas se lembra que nasceu em Pernambuco e revela que o Brasil não pode ser governado com a "cabeça da avenida Paulista" -- algo que não se sabe precisamente o que significa, mas bom não deve ser. Seu partido, o PT, acusa a si próprio de ser paulista demais e acha que é aí, e não nas suas complicações com a polícia, que está o problema. Há casos de políticos e empresários paulistas que não querem parecer paulistas. O ex-ministro Ciro Gomes, do alto do seu cartaz com o presidente da República, sonha com um Brasil em que São Paulo não existisse.

Há um cheiro de queimado nessa história toda. Até pouco tempo, pensava-se que tinha saído de moda falar mal de São Paulo, onde a União arrecada 41% de todos os seus impostos. Mas nunca se deve subestimar a capacidade do governo e do PT em ressuscitar idéias ruins. No caso, a ruindade está no estímulo à divisão -- São Paulo contra o Brasil, norte contra sul, quem se formou contra quem não é formado e, no fundo de tudo, "nós" contra "eles", uma noção na qual fica claro que "nós" é quem está no governo ou a seu favor, mas nunca se explica direito quem seriam "eles". Joga-se na fabricação de inimigos que podem ser utilizados, a qualquer hora, para receber a culpa por problemas não resolvidos. Coloca-se sobre eles, ao mesmo tempo, uma vaga sombra de "anti-Brasil". Ciro Gomes, por exemplo, assegura que São Paulo "não faz parte da sociologia brasileira". Faz parte de qual sociologia, então? O ex-ministro não diz nem especifica o que São Paulo teria de mudar para satisfazer os critérios pelos quais ele classifica o que é brasileiro e o que não é.

O governo faz um percurso torto ao navegar nessa maré. De um lado, é presidido por um homem que fez toda a sua carreira política em São Paulo e encheu sua administração com dezenas de paulistas; de outro, não quer perder a oportunidade de pescar nessa demagogia confusa. Não lhe ocorre lembrar que São Paulo poderia ser considerado o lugar mais brasileiro do Brasil, pois nenhum outro tem em sua população tanta gente vinda de outros estados. Ou, então, que o Brasil vem sendo governado, sim, por presidentes saídos de São Paulo desde a eleição de Fernando Henrique em 1994, mas quem decidiu isso não foram os paulistas, e sim a maioria da população brasileira, em quatro eleições sucessivas. Mas essas coisas fazem parte do mundo dos fatos. O governo não está interessado nisso.

TIM Brasil à venda

A TIM está à venda no Brasil. Possíveis candidatos: América Móvil e Brasil Telecom, em parceria com a Telefónica (que está em todas).

O ganhador do leilão terá conquistado a jóia da coroa de telefonia no Brasil, iniciando o processo de consolidação do setor no país, o que possivelmente diminuiria a competição e prejudicaria os clientes finais.

Mas como o vencedor deverá devolver ao governo a sua licença atual de operação, talvez a competição não seja assim tão afetada. Para isso, o processo deve ser acompanhado de outros mecanismos como, por exemplo, a possibilidade do cliente não aceitar sua migração à nova base do ganhador do leilão.

Esperemos o desenrolar dos fatos.

Efeitos da privatização

Para os petistas "bolchevique-dirceuzistas", como define-se o grupo de vermelhinhos que acreditam no poder revolucionário de 1918 (incluindo aqui os intelectuais de pijama, os estudantes que vão no cinema e na fila, ao não conseguir pagar para ver o filme gritam "capitalismo selvagem!!", e a filósofas especialistas em Espinoza), segue um quadro que demonstra a irrefutável realidade das privatizações: elas MELHORARAM a situação das empresas que foram vendidas à iniciativa privada. Se não por todos os índices que constam da tabela abaixo (de autoria do jornalista Gustavo Paul, de Exame), pelo menos por um único: o aumento do número de funcionários (do emprego).
É a economia, estúpido!

Melhora indiscutível
Os indicadores comprovam que a privatização gerou ganhos de eficiência, de qualidade de serviços e de número de empregos em diversos setores e empresas. Confira como era e como ficou
SETORES
Siderurgia
Investimentos
  (em bilhões de dólares)
1991 0,3
2005 1,9
Produtividade
  (em toneladas por trabalhador por ano)
1991 188
2005 377
Empregos
1991 69000
2005 95100
Telefonia
Telefones fixos e celulares em uso
  (em milhões)
1997 23
2006(2) 137
Preço da linha telefônica fixa
  (em dólares)
1997(1) 4000
2006(2) Zero
Empregos
1997 91000
2006(2) 316500
(1) Média nacional no mercado paralelo (2) Em agosto
Distribuição de energia elétrica
Interrupções no fornecimento de luz
  (em vezes por ano)
1997 21
2005 12
Total de residências atendidas
1997 92%
2005 97%
Empregos
1997 65300
2005 115000
Obs.: os dados referem-se exclusivamente às empresas privatizadas de cada setor. Nos setores em que houve grande terceirização de atividades (siderurgia, telefonia, ferrovias), são considerados os totais de empregos diretos e indiretos após a privatização

Monday, November 06, 2006

Esquerda positiva, esquerda negativa

Marcelo de Paiva Abreu, Estado de S. Paulo, Economia, p.B2.

S oa atual a distinção feita por Santiago Dantas, ministro da Fazenda de Jango Goulart, em abril de 1963. Enfatizou o contraste entre esquerda 'positiva' e esquerda 'negativa'. Esquerda 'positiva', interessada na estabilização como precondição para a retomada do crescimento econômico. Esquerda 'negativa' - com posição destacada de Leonel Brizola, da ala esquerda do Partido Trabalhista Brasileiro (PTB), de sindicalistas e partidos à esquerda na coalização governamental -, que se batia por políticas fiscal e creditícia frouxas.
Alguns analistas têm ressaltado o paralelo com os dias atuais. A ascensão do Partido dos Trabalhadores (PT) teria precedente na história do Partido Trabalhista Brasileiro entre 1945 e 1964. O PTB só não se teria tornado força hegemônica indiscutível porque o golpe interrompeu a sua irresistível ascensão. O PT seria o herdeiro do PTB. Não há dúvida de que o PTB foi, entre os grandes partidos políticos brasileiros pré-1964, o que mais cresceu após 1945. Sem organização nacional, teve poucos votos a mais que o Partido Comunista Brasileiro em 1945 e elegeu apenas 22 deputados (em 286). Em 1962, elegeu 105 deputados (em 409), ultrapassando a UDN e chegando perto dos 125 do PSD. O eleitorado do PTB, em contraste com o PT pré-grotões, era fraco nas regiões industrializadas do País, especialmente em São Paulo. Era forte no Rio Grande do Sul, Estado onde agora o PT amargou retumbante derrota. E, também, no sindicalismo oficialista herdado do Estado Novo, em contraste com o PT, partido do novo sindicalismo que surgiu das bases nos anos 1970.
Há dúvidas se a expansão do PTB teria sido irresistível sem o golpe e, mais ainda, quanto à homogeneidade do partido.
Era ciclópica a esquizofrenia entre o idealista Alberto Pasqualini e o peleguismo sindical herdado de Vargas e consolidado por João Goulart. O que era o PTB no seu auge? Seria o PTB de Jango, presidente fraco e inapetente, perdido em meio às lutas internas na sua coalizão? Ou seria o PTB radical de Brizola, legitimado pela resistência ao golpe em 1961, eleito deputado pelo Rio de Janeiro com votação consagradora, candidato a ministro da Fazenda, promotor do mote 'cunhado não é parente', para viabilizar sua candidatura presidencial em 1965? Ou seria o PTB moderado de Santiago Dantas, deputado federal reeleito em 1962, derrotado na postulação para suceder a Tancredo Neves como primeiro-ministro, ministro da Fazenda em 1963? É fragmentação que deixa o PT de hoje parecer monolítico. É salutar tentar retirar lições da História. Mas é importante chegar a acordo sobre o que é o registro histórico. A história do PTB parece ensinar pouco sobre a irresistível ascensão de coalizões 'populares' no Brasil. Mas ensina bastante sobre a vocação antropofágica de tais coalizões e também sobre as suas dificuldades em conciliar pretensões políticas ambiciosas com programas de governo exeqüíveis. Os eventos que, em 1961, se seguiram ao remendo parlamentarista são pedagógicos. Os fracassos sucessivos de Tancredo Neves, à frente de um Gabinete rotulado por ele mesmo como de 'real União Nacional', e de Brochado da Rocha levaram à desmoralização da 'solução' parlamentarista e à vitória do presidencialismo no plebiscito de janeiro de 1963.
Houve importante reforma ministerial e o governo, consciente da necessidade de pôr a casa em ordem, se engajou, com o Plano Trienal, em esforço sério de estabilizar a economia e voltar a crescer. Mas, ilustrando o argumento de que governo de coalizão popular, mesmo quando consegue formular, tem dificuldade em implementar, o processo de ascensão e queda do Plano Trienal ocorreu em quatro meteóricos meses. A ortodoxia fiscal e monetária de Furtado e Dantas, com FMI e tudo, foi fragorosamente derrotada pela versão contemporânea do desenvolvimentismo à outrance encabeçada por Brizola, Pellacani et caterva, e levou à amargura de Santiago Dantas na sua taxonomia da esquerda. Prevaleceu a tese de que estabilização é coisa de reacionário.
No primeiro mandato de Lula, o papel de esquerda 'positiva' ficou por conta de Palocci e Meirelles, contrapostos a muitos críticos da suposta ênfase excessiva no controle da inflação. Foi a ação da esquerda 'positiva', combinada à popularidade pessoal do presidente, com uma pitada de políticas sociais eficientes, que levou Lula à vitória. Mas o presidente parece ser um dos poucos a reconhecer isso. O coro dos autodenominados 'desenvolvimentistas' que se fez ouvir nos últimos dias, pressionando pela manutenção de Guido Mantega na Fazenda, mas tendo como arautos principais Tarso Genro e Dilma Rousseff, defendeu o abandono da política macroeconômica prudente com base no argumento de que o Brasil precisa crescer a pelo menos 5% ao ano. A confusão entre querer e poder é total. As pressões para mudança de rumos foram feitas sem qualquer idéia de como se chegaria ao nirvana, além do habitual tatibitate de que é preciso reduzir os juros reais.
Nunca é inútil lembrar que os resultados da boa política macroeconômica adotada no primeiro mandato dão folga para que as trapalhadas planejadas pelos que defendem a mudança de curso possam perdurar por longo tempo antes que os habituais sinais de alarme comecem a soar. Seria desejável que o bom senso já demonstrado por Lula em 2002 volte a entrar em ação. O problema é que talvez lhe falte tripulação para fazer o bom senso prevalecer.


*Marcelo de Paiva Abreu, doutor em Economia pela Universidade de Cambridge, é professor-titular do Departamento de Economia da PUC-Rio

Friday, November 03, 2006

É o Apagão Aéreo

O Nosso Guia ficou "irritado" com o Apagão aéreo. Mas os integrantes do governo, junto com especialistas, haviam avisado a Casa Civil do risco já em 2003. Por que nada foi feito? Por que não se investiu na área em 2003?
É O APAGÃO AÉREO. NOSSO GUIA COMEÇOU BEM O SEU SEGUNDO MANDATO. E VAI TERMINAR MELHOR AINDA.
É só o começo, pessoal!!
E não adianta reclamar, porque se reclamar, Nosso Guia vai nos perguntar o que nós queremos fazer.

Deixa o homem descansar

Você tá no aeroporto esperando o avião? Olha onde o seu presidente está:



Parece que o vôo dele chegou ali sem atrasos, viu?

Em feitio de retaliação

Dora Kramer - O Estado de S. Paulo, 02/11/2006 p. A8
Pressupostos básicos para o sucesso da intenção manifesta pelo presidente Luiz Inácio da Silva de, no segundo mandato, estabelecer relações mais civilizadas e transparentes com a imprensa, vale dizer, de elevar seu nível de interlocução com a sociedade: respeito ao contraditório, tolerância às críticas, convivência com a divergência e, sobretudo, compreensão de que dar entrevistas não é concessão, é cumprimento de um dever a ser exercido em momentos favoráveis e desfavoráveis - principalmente nestes -, sob o critério da liberdade irrestrita de questionar e da disposição de responder sem tergiversar.
As primeiras 48 horas após a vitória de domingo não foram exatamente auspiciosas no tocante à realização da proposta presidencial. Se mudança houve neste curtíssimo período, foi para bem pior.
Em dois dias tivemos a pregação da vingança contra meios de comunicação em ato público de petistas, o convite do presidente do PT e assessor presidencial, Marco Aurélio Garcia, para que os meios de comunicação revejam suas críticas ao governo, a intimidação de profissionais da revista Veja na Polícia Federal, de novo Garcia em ato de grosseria explícita, mandando em entrevistas que jornalistas 'cuidem de suas redações' porque ele não gostou de perguntas sobre o futuro do PT, o ex-ministro Ciro Gomes defendendo concessões de funcionamento e financiamento público a veículos amigáveis e, coroando as ações, a avaliação de presidente da República de que a retaliação não é conveniente, pois transforma a dita imprensa insubordinada em vítima.
Começando pela última dessa série de manifestações absolutamente dissociadas da dinâmica dos regimes democráticos: o presidente não condena as agressões por princípio, mas por tática de atuação política. Na sua visão, não é hábil 'vitimizar' parte da imprensa, mas dele seria de se esperar um apelo ao bom senso endereçado aos seus bolsões mais radicais, tal como fez em relação à economia ao pôr um freio no entusiasmo dos defensores de viravoltas na política que lhe permitiu governar 4 anos e agora se reeleger.
No chamamento à 'auto-reflexão' da imprensa sobre seu comportamento em relação do governo, Marco Aurélio Garcia impõe como 'obrigação' dos meios de comunicação um pedido de desculpas pelo tratamento dado aos escândalos de corrupção porque, segundo ele, o 'jornalismo investigativo' não conseguiu provar nada.
Primeiro, o engano: conseguiu sim, junto com o Congresso, reunir evidências suficientes para que o procurador-geral da República denunciasse à Justiça a existência de uma 'organização criminosa' dentro do governo.
Depois, o equívoco: pedido de desculpas espera-se de quem infringiu as normas do decoro público ou do Código Penal, não de quem age em consonância ao preceito da liberdade de expressão - legal e legítimo.
No caso da Veja, ainda que possamos creditar a intimidação em depoimento sobre reportagem a respeito da operação abafa da Polícia Federal no episódio do dossiê a um excesso corporativo do delegado Moysés Ferreira, ele só se deu ao desfrute de constranger testemunhas e tratá-las como criminosas porque de alguma forma sentiu-se respaldado para isso. Tanto que o fez depois de confirmada a reeleição de Lula e não antes.
A reação do governo foi meramente formal e a pior atitude ficou com a Federação Nacional dos Jornalistas que, liminarmente, aceitou a versão da polícia. Ressentida pela frustração de ter sido bombardeada em seu intento anterior de formar um conselho para 'controlar, fiscalizar e disciplinar' as atividades da imprensa, a Fenaj agiu como oficial de um departamento de divulgação e informação.
O ex-ministro e deputado eleito Ciro Gomes propõe a criação de uma rede de jornais, revistas e emissoras de rádio e televisão por intermédio das quais o governo possa 'dialogar' com a sociedade da maneira que lhe parece mais conveniente: dizendo só o que quer sem ouvir o que não quer. Isso mediante concessão de verbas públicas - providência evidentemente ligada ao grau de dependência editorial previamente combinado, explícita ou implicitamente.
Lembrou muito as reclamações do PFL contra o então ministro Sérgio Motta pelo fim da prerrogativa do Congresso de distribuir concessões de rádio e televisão por critérios políticos, porque isso tirava do governo um poderoso instrumento de manipulação do Congresso.

Nova ameaça à imprensa

Certamente os petistas que, na segunda feira, se colocaram como 'leões-de-chácara' para fazer a triagem - na base do insulto e da agressão física - dos repórteres que pretendiam entrevistar o recém-reeleito presidente Lula, quando este voltava para o Palácio da Alvorada, não passavam de um bando de boçais, daqueles que sempre envolvem altas autoridades sob o pretexto de 'protegê-las' e muitas vezes externam a truculência ínsita ao próprio temperamento, independentemente de qualquer comando a que tivessem obedecido, neste sentido. É claro que muitos destes poderiam julgar estarem ali defendendo suas sinecuras de 'aspones', visto que, fora da administração aparelhada, talvez tivessem muita dificuldade em manter o padrão do próprio emprego. De qualquer forma, o episódio poderia ser relegado à conta de boçais isolados que, ao tentarem intimidar a imprensa, o máximo que conseguem é ser ridículos.
A tentativa de intimidar os três jornalistas da revista Veja, no momento em que prestavam depoimento à Polícia Federal (PF), pareceu um claro 'recado' enviado àquele veículo de comunicação - e, por tabela, a todos os demais - quanto à possibilidade de testemunhas poderem ser transformadas em 'suspeitos', dependendo da contundência crítica das matérias publicadas e da disposição, dos jornalistas, de revelar ou não as fontes de suas informações. O desrespeito à liberdade de informar e opinar - conquista consignada em uma das constituições mais anticensórias do mundo, como a nossa, justamente por termos passado pela férrea censura da ditadura militar - ficou mais do que patente, já pelas ameaças usadas pelo interrogador (quando mandou 'recado' aos editores da revista), pelo tolhimento da participação da advogada dos jornalistas e até pela absurda (e ilegal) recusa em dar aos depoentes cópia do que haviam oficialmente alegado.
De qualquer forma, a vexatória atitude da PF, contra os repórteres Julia Duailibi, Camila Pereira e Marcelo Carneiro, por mais que comprometa a instituição policial federal, pode ser atribuída a uma também isolada boçalidade - no caso, a do delegado Moysés Eduardo Pereira. Agora, o que justifica o temor de uma ameaça à liberdade de imprensa, por parte de um governo recém-reeleito (que prometeu, aliás, melhorar seu relacionamento com os veículos de comunicação), é o pronunciamento disparatado e fascistóide de quem exerce a função de presidente do Partido dos Trabalhadores e assessor especial do presidente da República - tendo sido o coordenador final de sua campanha eleitoral.
Com efeito, Marco Aurélio Garcia - que vai se tornando a figura mais sinistra do staff presidencial -, depois de uma suave condenação à violência praticada pelos boçais da porta do Alvorada, aproveitou para concitar os jornalistas a fazer uma 'auto-reflexão' sobre 'o papel que tiveram nesta campanha eleitoral', pretendendo, em última instância, que os profissionais e veículos de comunicação se retratem, peçam desculpas pelas críticas que fizeram ao governo e seus 'erros'. O atual chefe dos petistas deseja que a imprensa passe a considerar o mensalão uma pura invenção - como se o insuspeito procurador-geral da República (nomeado pelo presidente Lula) não tivesse feito constar em seu relatório, expressamente, que uma sofisticada quadrilha, integrada por membros da cúpula do governo e do PT, agia em plano federal com o objetivo de 'garantir a continuidade do projeto de poder do Partido dos Trabalhadores mediante a compra de suporte político de outros partidos'. Quem foi que 'inventou' isso, então? O pior é que esse tipo de manifestação inequivocamente censória e antidemocrática não pode ser vista como caso isolado, pois há o precedente da tentativa de criação do Conselho Federal de Jornalismo do projeto da Fenaj, aprovado por Lula, há o projeto do PT de 'democratizar os meios de comunicação', assim como há, mais recentemente, as declarações do sempre raivoso oligarca de Sobral, Ciro Gomes, sobre a necessidade do governo de 'incentivar' a criação de uma 'imprensa plural'. É claro que a imprensa é (até orgulhosamente) responsável por ter vindo à tona toda essa lama, sobre a qual Marco Aurélio Garcia queria que ela silenciasse. Mas só por máfé poder-se-ia, no caso em pauta, confundir a origem com o canal de extravasão (da sujeira).

Sunday, October 29, 2006

Pensamentos aleatórios

Todo filho de presidente da República monitor de zoológico vira acionista de empresa com capitalização de R$ 15 milhões em menos de três anos??

Lula é o PT

artigo: Diogo Mainardi

O procurador-geral da República denunciou quarenta mensaleiros. O mais perto que ele chegou de Lula foi o 4º andar do Palácio do Planalto, ocupado por José Dirceu e seu bando. Agora ele terá de descer um lance de escadas e entrar diretamente no gabinete presidencial. Acompanhe-me, por favor. Cuidado com o degrau. Esta é a sala que pertencia a Freud Godoy, gorila particular de Lula. E aquela é a porta do escritório do presidente. Cerca de dez passos. Toc-toc-toc. Tem alguém aí? Lula saiu? A gente volta mais tarde.

Na última terça-feira, Garganta Profunda me passou os dados de um documento bancário de Freud Godoy, encaminhado pelo Coaf à Polícia Federal. Em 24 de março de 2004, ele depositou 150 000 reais na conta da empresa de sua mulher, Caso Sistemas de Segurança. Importante: 150 000 reais em moeda sonante. No documento bancário, Freud Godoy declarou que o dinheiro era fruto de "serviços prestados a clientes". Isso contradiz tudo o que ele alegou até agora. Num primeiro momento, disse que sacou os 150 000 reais para comprar equipamentos. Depois, informou que pediu um empréstimo a um amigo. Mentira. Não foi saque nem empréstimo: foi um depósito. O fato é que ninguém sabe de onde saiu tanto dinheiro e por que foi parar na conta do gorila particular de Lula.

Como Robert Redford em Todos os Homens do Presidente, arregacei as mangas da camisa e fui procurar respostas na capital federal. Pedi à CPI dos Correios para fazer o cruzamento dos dados do valerioduto com o depósito de Freud Godoy. Encontrei uma espantosa coincidência. Em 23 de março de 2004, um dia antes de Freud Godoy depositar 150 000 reais na conta de sua mulher, foram sacados 150 000 reais da conta da SMPB, de Marcos Valério, no Banco Rural. Tudo em moeda sonante. Tudo de origem desconhecida. O saque no Banco Rural foi feito pelo policial aposentado Áureo Marcato. Que voltou ao banco dois dias depois e sacou mais 150 000 reais. Onde foram parar?

Na época do depósito, Freud Godoy era assessor direto de Lula. Mas fazia um bico para o PT, montando o esquema de segurança de Delúbio Soares, que transportava malas de dinheiro sujo de um lado para o outro. Freud Godoy alugou para ele um carro blindado, comprou duas motocicletas para seus batedores e contratou uma escolta de seis policiais militares. Os 150.000 reais depositados na conta de sua mulher podem ter sido o pagamento pelo serviço. Os policiais contratados para escoltar o tesoureiro do PT contaram a VEJA que Freud Godoy, entre outras coisas, era encarregado de organizar os encontros secretos entre Lula e Delúbio Soares. Pode-se imaginar o que eles discutiam.

Lula está praticamente reeleito. Os brasileiros o perdoaram. Mas a bandidagem da qual ele se cercou continuará a rondá-lo para sempre. É assim que será recordado. Por mais que tente se esconder, Lula é o PT. Lula é Delúbio Soares. Lula é Marcos Valério. Lula é o golpismo do mensalão e do dossiê Vedoin. Abra a porta, Lula. Toc-toc-toc.

Thoreau contra o lulismo

artigo: Diogo Mainardi

O Brasil é ruim. Irá piorar.

Eu sempre acreditei nisso. Acredito cada vez mais. O Brasil já era ruim antes de Lula. Com ele ficou ainda pior. Ninguém conseguiu evidenciar nossa ruindade com tanta clareza quanto ele. E ninguém deu tanta garantia de que tudo iria piorar.

O homem certo para este momento é Henry David Thoreau. Leia Thoreau. Releia Thoreau. Declame Thoreau em voz alta. É o melhor remédio para todos aqueles que foram atropelados pelo lulismo triunfante.

Thoreau era um abolicionista americano. Ele rejeitava a escravidão embora a maioria dos eleitores de seu tempo a apoiasse. Em seu principal ensaio, Sobre o Dever da Desobediência Civil, ele argumentou que há algo superior à vontade da maioria: é a moral de cada um. "Minha única obrigação é fazer em todos os momentos o que considero certo."

Mas recomendo Thoreau por outro motivo. Um motivo menor. Um motivo mais mesquinho. Recomendo-o apenas porque ele permite insultar pesadamente o eleitor mantendo uma certa pompa, um certo brilho. Thoreau disse: o eleitor é um cavalo. Ele disse também: o eleitor é um cachorro. Eu repito, citando Thoreau: o eleitor é um cavalo, o eleitor é um cachorro, o eleitor é um cavalo, o eleitor é um cachorro, o eleitor é um cavalo, o eleitor é um cachorro. Insulte o eleitor. Sem perder a pompa, sem perder o brilho.

Thoreau: Cavalo. Cachorro.

Thoreau defendeu o direito de repudiar a autoridade do governo. Eu sou o Thoreau dos pobres. O Thoreau bananeiro. Repudio a autoridade de Lula. Lula pode ser o seu presidente. Meu ele não é. Meu senso de moralidade é superior ao dele. Lula é o chefe de uma junta de golpistas. Referendá-lo significa referendar o golpismo. Cassei sua candidatura um ano e meio atrás. Unilateralmente. Ele que fique com seus doleiros, com seus laranjas, com seus lobistas, com seus assessores, com seus jornalistas, com seus mensaleiros, com seus filhos, com seus gorilas, com seus bicheiros.

A forma que Thoreau encontrou para repudiar a autoridade do governo foi simples e direta: recusou-se a pagar impostos por seis anos. Chegou a ser preso por causa disso. Só foi solto porque uma tia saldou seus débitos. A revolta fiscal é o melhor meio de protesto que há. Muito melhor do que passeata. Muito melhor do que comício. Quem gosta de muita gente aglomerada é lulista. Prefiro me reunir com meu contador em seu escritório mofado, arrumando maneiras mais eficientes para burlar o Fisco. Falta somente uma tia rica para me tirar da cadeia.

O lulismo precisa de dinheiro para funcionar. Dinheiro limpo e dinheiro sujo. Meu terceiro turno será combater a CPMF. Eu sei que é um combate pouco heróico. Mas alguém realmente esperaria gestos heróicos de mim? Abolindo a CPMF, sobrará menos dinheiro para financiar o golpismo lulista. E para comprar os eleitores.

Thoreau: Cavalo. Cachorro.

É preciso civilizar os bárbaros do PT

Artigo: Reinaldo Azevedo

Faz 26 anos que os democratas se ocupam de atrair o PT para a civilização. Os tupinambás e os caetés, no entanto, resistem e tentam impor o canibalismo como algo doce e decoroso. Antes, tingiam a cara para a guerra e nos propunham o dilema: "Socialismo ou barbárie". Com o tempo, eles mesmos fizeram a opção sem nem nos dar a chance de escolher: barbárie! Institucional, quando menos. Mas continuamos aqui, firmes no nosso papel de jesuítas, crentes na nossa missão civilizadora, esforçando-nos para catequizá-los, fingindo que são tupis amistosos – tentando, enfim, emprestar-lhes alguma metafísica. Mas quê... Tenho cá as minhas dúvidas se os aborígines não estão vencendo. Em vez de o primitivismo ser domado, o que vejo é muita gente a flertar com Guaixará, Aimbirê e Saravaia, invertendo o fluxo histórico da civilização.

Os três acima eram os demônios da peça Auto de São Lourenço, do padre Anchieta (1534-1597), representada para os índios e para os primeiros colonos. Lembro-me de um livro que ganhei quando criança. Havia uma ilustração do jesuíta fazendo um poema na areia com um galho ou cajado. A catequese é mais do que um confronto de culturas. É um choque entre tempos. Trata-se do encontro de homens que estão em estágios diversos de domínio da natureza. Um trazia a escrita, a abstração, a realidade como conceito; outros viviam imersos no gozo, no terror e na ignorância. Antropólogos vão protestar. Para eles, pouco importa por que cai a maçã. Qualquer explicação "cultural" vale a pena. Continuo a achar libertadora a lei da gravidade...

Anchieta era um grande educador. Deixaria arrepiados os seguidores do "pedago-demagogo" Paulo Freire. O padre também usava o universo do "educando" (meu micro quase trava diante da palavra...) para passar uma mensagem "libertadora". Empregando elementos da cultura dos indígenas, queria tirá-los de sua crença e lhes ensinar os valores cristãos. Por isso, ridicularizava o seu modo de vida, em vez de adulá-lo. Devemos muito a esse padre. Guaixará, por exemplo, recitava: "Boa medida é beber / cauim até vomitar. / Isto é jeito de gozar / a vida, e se recomenda / a quem queira aproveitar. / A moçada beberrona / trago bem conceituada. / Valente é quem se embriaga / e todo o cauim entorna, / e à luta então se consagra".

Como se vê, Anchieta fazia o contrário do que fazem as ONGs financiadas pelo petismo e por entidades estrangeiras que se encantam com os aborígines alheios. O que o padre associava ao mal e exibia como hábito a ser vencido seria, hoje em dia, exaltado como cultura de resistência. Reparem como a educação formal, do "centro", foi invadida pela chamada "cultura da periferia". Isso é verdade tanto dentro do Brasil como na relação do país com o mundo. Há mais antiamericanos na USP do que em Bagdá ou em Cabul. O Brasil não aceita ser humilhado pelos EUA e pelo FMI. Só pela Bolívia e por Evo Morales. A reeleição de Lula corresponde à vitória do recalque do oprimido.

Falando a catadores de papelão e a sem-teto na quinta, no Palácio do Planalto, Lula Aimbirê disse que nunca antes gente como aquela entrou em palácios. Como se vê, ele precisa de gente como aquela para fazer discursos como aquele... Mais de 400 anos depois, Saravaia dá um pé no traseiro de Anchieta e diz: "Nós vencemos".

Esta nossa catequese política, um tanto infrutífera, também vive, a exemplo da outra, um choque de tempos. A economia da informação do século XXI, os indivíduos conectados à rede e à diversidade, a vitória inequívoca do capitalismo, o triunfo das sociedades abertas, tudo isso tem de conviver com um partido que é herdeiro do Terror Jacobino do século XVIII, do marxismo do século XIX e da Revolução Russa de 1917.

O partido só entende o exercício do poder como golpe e eliminação do outro – ainda que este herdeiro daquelas vocações totalitárias faça a mímica da democracia. Quando se acredita que se converteram, são flagrados comprando um naco do Parlamento. Quando se supõe que estão assustados, tentam golpear as eleições com dossiês fajutos. Quando a gente acha que estão rezando o "creio-em-deus-pai" da democracia, estão se entupindo de cauim, mobilizando instrumentos do Estado a seu próprio serviço. Até vomitar.

O conteúdo que se queria utópico daquelas formulações dos séculos XVIII, XIX e XX ganhou uma nova feição, é verdade, e faz concessões aparentes ao estado de direito. Alguns tantos sustentam que, do totalitarismo jacobino-bolchevista, teria restado tão-somente a moldura, uma vez que não seria lícito duvidar da adesão dos tupinambás e caetés ideológicos à economia de mercado e à democracia. Quantas vezes é preciso que o diabo sapateie no altar para que se reconheça a sua real natureza?

Os "bons selvagens" perderam a batalha para uma teologia e uma tecnologia superiores. Já os maus selvagens decidiram partir para a guerra de valores. Lula e seus rapazes não aceitam mais ser "colonizados" pela democracia. Olham para o conjunto de leis do país e, a exemplo de Guaixará, recitam: "Vêm os tais padres agora / com regras fora de hora / pra que duvidem de mim. / Lei de Deus que não vigora".

O PT conseguiu eliminar a hierarquia de valores que regula a vida em sociedade, de modo a conduzi-la a um estado de permanente subversão. Vale atribuir ao adversário uma intenção que ele não tem, obviamente mentirosa, e, a exemplo do que afirmou Lula num debate, o outro "que desminta". Jaques Wagner, governador eleito da Bahia, um dos caciques petistas, sob o pretexto de defender o bom princípio de que ninguém é obrigado a se auto-incriminar no estado de direito, afirma que o acusado tem o "direito de mentir". Não, meu senhor! Mentir à polícia è a Justiça é um risco, não um direito. O petismo é mestre não propriamente em negar a verdade, mas em corrompê-la. É por isso que precisa tanto do concurso de um criminalista.

Ou o petismo passa a ser visto no curso de uma revolução cultural ou jamais será entendido – e vencido. E o canibalismo será regra. Numa campanha eleitoral sem propostas, sem valores, sem alternativas, sem diferenças de conteúdo, aborrecida a mais não poder, resta, sem dúvida, uma intenção, anunciada por Lula, que faz toda a diferença. No debate da Rede Record, deixou entrever a disposição de estudar o que eles chamam de "controle social dos meios de comunicação". Trata-se de um eufemismo e de uma perífrase para "censura". O PT vê em cada veículo – ou, vá lá, em boa parte deles – um bispo Sardinha dando sopa. Sabe que a imprensa livre é o Evangelho da democracia; que ela guarda seus segredos e seus fundamentos.

Estamos vivendo os nossos dias de Hans Staden (1525-1579), o aventureiro alemão que caiu presa dos tupinambás. Deu sorte: conseguiu sair vivo. No cativeiro, observou os costumes dos antropófagos e depois redigiu um relato de viagem que fez grande sucesso na Europa. Ajudou a espalhar a lenda de que, por estas plagas, comer gente era prática corriqueira – os tupis, coitados, gostavam mesmo era de uma capivara e de um macaco. Alguns acreditam de tal modo na superioridade de sua teologia e de seus hábitos alimentares que observam os seus raptores com interesse antropológico, mal disfarçando certa simpatia por aqueles que os ameaçam.

Estou fora dessa. Quero os tupinambás e os caetés ajoelhados. Sob o signo da Cruz da civilização. Os petistas devem acionar a tecla SAP para metáforas e metonímias neste último parágrafo.

Sunday, October 01, 2006

Resultado final - 1° turno

Lula - 48,61%

Alckmin - 41,64%

Alckmin é o grande vitorioso. Sai na frente no segundo turno. O papai-presidente saiu derrotado. Agora é uma nova campanha e as chances de se apear o "guia" do poder aumenta a cada dia.

Estamos em campanha. Eu estou em campanha. Eu sou o anti-Lula.


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2° TURNO

CHUPA LULA!!!!!!!!!!!!!!!!

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Dever cívico

As eleições de hoje são o ponto culminante da mais longa campanha eleitoral de que se tem notícia no Brasil. Desde 1º de janeiro de 2003, quando assumiu a Presidência da República, Luiz Inácio Lula da Silva não deixou, um dia sequer, de se dedicar à campanha para a reeleição. Tudo o que fez, durante seu governo - a começar pelos discursos de cada dia -, teve como objetivo esticar o mandato por mais quatro anos - seus companheiros de copa e cozinha ainda alimentam planos para ficar pelo menos 20 anos no poder. O preço dessa ambição tem sido caríssimo para o Brasil.
Nestes quatro anos, não houve Poder que ficasse imune ao processo de desmoralização das instituições levado a cabo pelos companheiros que Lula colocou em postos-chave para executar o plano de conquista e manutenção do poder. O achincalhe chegou à ante-sala do presidente, no Palácio do Planalto, tomou de assalto Ministérios, invadiu o Congresso e respingou no Judiciário. A tudo isso o presidente Lula assistiu, impassível. Quando muito, classificou os crimes capitulados em lei, cometidos por mensaleiros, sanguessugas e gen
te da mesma laia, como 'erros', pequenos percalços corrigidos com um puxão de orelha. À lassidão moral que tomou conta das instituições somou-se o entorpecimento das consciências. Embora o presidente Lula seja, de fato, o maior comunicador de massas que já surgiu na política nacional, por si só essa qualidade não bastaria para mesmerizar a maioria dos eleitores, a ponto de cegá-los para os escândalos, a corrupção e o mau desempenho administrativo do governo petista. O que, decisivamente, consolidou e ampliou a popularidade de Lula, conquistada pelos bons resultados da política monetária em termos de controle da inflação e da política de assistência social, foram as 'bondades' praticadas com largueza com o dinheiro público - sendo o melhor exemplo disso o próprio Bolsa-Família, que triplicou neste ano eleitoral o número de beneficiários.
Esses fatos marcam a diferença entre o pleito de hoje e as circunstâncias que cercaram as eleições de quatro anos atrás. Em 2002, o presidente Fernando Henrique comportou-se como um magistrado - o que Lula, então, teve de
reconhecer. Não transigiu com a austeridade fiscal e administrativa que era a sua marca desde que implantou o Plano Real, como ministro da Fazenda. Não colocou nem permitiu que se colocasse a máquina administrativa a serviço dos candidatos de seu partido. Enfim, deu à democracia brasileira um vigor e uma profundidade sem precedentes. O resultado foi o nivelamento das oportunidades eleitorais, o que permitiu que o eleitorado - que ansiava por mudanças, desde que feitas no quadro da estabilidade - se voltasse para a candidatura de Lula, que meses antes da eleição havia abandonado o programa radical do PT, comprometendo-se com a continuidade da austeridade fiscal e monetária.
Quatro anos passados, do aperfeiçoamento das instituições, das reformas estruturais, da modernização do Estado para colocá-lo a serviço da população, e não de um grupelho que dele se serve, disso tudo só restam, quando muito, alguns resquícios. Os vícios político-eleitorais, que se acreditava expungidos da vida pública, voltaram revigorados. É contra esse estado de coisas que os brasi
leiros devem reagir - hoje, nas urnas.
Nas últimas semanas, sempre que surge um fato política e moralmente desabonador para o candidato à reeleição e seus 'meninos aloprados' - e tais fatos abundam -, eles, Lula à frente, têm denunciado que está em marcha um plano golpista para negar-lhe um segundo mandato. Inebriado pela sua popularidade, o presidente age como se tivesse direito divino a um outro período de governo. Nem ele tem esse direito nem há golpismo no ar - a não ser na nem um pouco ingênua imaginação dos estrategistas do projeto de poder do PT.
O presidente Lula, cuja eleição de quatro anos atrás foi um sopro de esperança de renovação da vida política nacional, hoje é, por ação e omissão, o grande responsável pela desmoralização do Congresso, pela politização da máquina administrativa e pela crescente repulsa da sociedade pela atividade política. É contra isso que é preciso resistir. Ao contrário do que afirma o presidente Lula, para justificar a bandalheira de seus 'meninos', nem todos os políticos são iguais e nem todos os partidos são semelhantes. Hoje é dia de o eleitor consciente exigir a volta da ética na política e da probidade na administração.

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Voto pela Democracia

Fernando Henrique Cardoso

Hoje cerca de 100 milhões de brasileiros irão às urnas. Sabemos das distorções de nossa democracia. Apesar disso, se fizermos a reforma eleitoral e introduzirmos o voto distrital, se o Congresso não anular a cláusula de barreira e assegurar na legislação a fidelidade partidária, teremos dado passos importantes. Falta, entretanto, o principal: que os partidos tenham um significado mais claro para o povo e que o mundo político não continue tão afastado da sociedade. O resto dependerá da consolidação da democracia em sentido amplo, com maior acesso à informação, melhor sistema educacional e maior disponibilidade de canais para a participação de segmentos crescentes da sociedade no processo deliberativo, e não apenas no processo eleitoral.
Estamos longe deste ideal.
Nem por isso o significado do
voto deve ser diminuído. Ganhe quem ganhar (e eu luto para que Geraldo Alckmin seja eleito), a voz das urnas será acatada e seu significado precisará ser decifrado. Depois da avalanche de escândalos e da desfaçatez do presidente em se livrar de qualquer responsabilidade pelas muitas arbitrariedades e falcatruas que seus mais íntimos colaboradores e os líderes de seu partido orquestraram, seria de pasmar que ele ganhasse no primeiro turno. Entretanto, mesmo que a votação em Alckmin e nos demais candidatos de oposição nos leve ao segundo turno, como acho desejável e possível, uma enxurrada de votos será despejada no novo taumaturgo, o homem que se crê a encarnação viva de nossa História e dos destinos do País e que, só por esquecimento, não proclamou a independência no último 7 de setembro.
Entende-se que milhões de votos que o sufragarão venham do povo mais pobre e também dos beneficiários do setor financeiro e de alguns setores das atividades econômicas ou da burocracia pública. Há razões concretas para isso. Afinal, dada a conjuntura econômica mundial favorável, dada a continuidade da 'herança maldita' com seus desdobramentos nas políticas públicas, houve melhoria das condições de vida e na economia. Neste caso, o voto encontra apoio em interesses concretos e legítimos. Mas não é só isso que está em causa.
Até passado recente milhões de brasileiros tinham confiança quase ilimitada em Lula.
Ele se notabilizara como um lí
der sindical que expressava um momento novo da sociedade e era autêntico. Recusava epítetos ideológicos e, quando lhe perguntavam se era de esquerda ou socialista, respondia que era torneiro mecânico. Tosco, mas vigoroso e verdadeiro. Conheci-o de perto nessa época e o respeitava como pessoa e como símbolo. Este respeito se manteve nas campanhas em que lutamos juntos, nas em que fomos adversários e naquela em que ele foi vencedor. Sempre o achei mais símbolo que líder, e digo isso não para diminuí-lo, posto que líderes há muitos e símbolos são poucos.
Entristece-me vê-lo agora despedaçando seu significado e se transformando num político banal, esperto, que diz uma coisa hoje, outra amanhã, que beija a mão em que cuspia e outra coisa não faz com o prato no qual está comendo, a 'herança maldita', como a qualifica. Tenta desfigurar o enorme esforço feito pelo País, com o Plano Real, a reconstrução do Estado, a renovação das políticas públicas, a rede de proteção social, a consolidação da democracia e a luta por um Brasil mais decente.
Que ele se pense pai dos pobres e mãe dos ricos, que creia
ser alguém que não erra nem dá o braço a torcer, que nada tem que ver com os desvios de conduta de seus ministros, dos dirigentes políticos que escolheu ou de auxiliares próximos, tanto melhor para seu conforto. O grave é quando seus partidários o acompanham nesse sentimento: a reação do presidente do PT, acusado pelo presidente de responsável pela montagem do grupo que urdiu o infame dossiê Cuiabá, 'se Lula falou, está falado', é a demonstração cabal do aviltamento do que outrora se considerava e era um partido de esquerda. Um partido que nasceu para ampliar a participação popular se transformou em máquina burocrática que a sufoca.
Um partido que nasceu reformador na esquerda e um líder que veio para renovar caíram na armadilha do clientelismo e do patrimonialismo, vestindo-os com os trajes 'modernos' da sociedade em redes: encastelaram-se no Estado, formaram novos anéis burocráticos, articularam-se com os interesses da grande empresa. Dispondo das técnicas de espionagem e de 'expropriação' herdadas do romantismo revolucionário, ampliaram de muito a capacidade de se informar e de utilizar as brechas do controle social para obter recursos ilegítimos.
O que está em jogo é, portan
to, muito mais do que discutir até que ponto houve avanços sociais ou econômicos no governo Lula e compará-los com o governo passado. Quantos ditadores ou populistas justificaram seus arbítrios e aumentaram sua popularidade alegando ganhos materiais, reais ou imaginários, para o povo? Não estou falando de 'chavismo' ou coisa que o valha. Lula é bastante conservador e nada tem de antiamericano ou de antiglobalização para arriscar-se a tais propósitos. Falo de algo mais essencial: o abastardamento da função pública, o fomento à arapongagem particular ou partidária, o avanço do PT e seus aliados no controle da máquina pública e das empresas do Estado, transformando-as em instrumentos vis a serviço da sordidez, como se viu na quebra de sigilo da Caixa Econômica ou, agora, no envolvimento de um diretor do Banco do Brasil em operação de chantagem. Em suma, o desvirtuamento da democracia.
Esta precisa consolidar-se
como um sistema em que as escolhas se baseiam em informações, na deliberação, e não na manipulação das massas, no controle de uma burocracia partidária ou na idolatria de um líder. Quem mina o ideal democrático com estas práticas não pode receber o apoio dos democratas. Além das qualidades intrínsecas que Geraldo Alckmin possui para receber o voto, há, portanto, uma questão de princípio envolvida na decisão eleitoral. Os eleitores têm motivos suficientes, portanto, para barrar o descalabro das instituições e a desmoralização das práticas democráticas.?


Fernando Henrique Cardoso, sociólogo, foi presidente da República

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Friday, September 29, 2006

The Economist prevê quatro anos de crescimento mediócre e poucas reformas

A revista britânica "The Economist" dedica a capa de sua edição desta semana, que foi às bancas ontem, à disputa pela liderança na América Latina entre os presidentes do Brasil e da Venezuela.

A matéria principal trata da eleição brasileira deste domingo. Há ainda uma reportagem sobre a campanha venezuelana por um assento rotativo no Conselho de Segurança da ONU. E, por fim, um editorial que liga os dois personagens.

Na reportagem especial sobre as eleições, intitulada "Ame Lula se você for pobre, preocupe-se se não for", a "The Economist" traça um perfil do governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva e analisa as suas chances de reeleição.

A revista identifica em Lula um administrador pouco eficiente, mas uma figura carismática com a população de baixa renda. Chama-o de "Evita de barba", numa referência à argentina Evita Perón, a protetora dos descamisados. Em nenhum momento o texto se empolga com Geraldo Alckmin.

Apesar de reconhecer avanços na área social, a "Economist" não vê facilidades para o presidente caso ele seja reeleito, e aponta uma tendência de mais quatro anos de performance medíocre no que tange o crescimento da economia.

Argumenta que os escândalos que rondam a campanha devem se tornar empecilhos para a governabilidade do país, pois afastariam de modo peremptório os entendimentos com a oposição.

E isso numa situação em que o governo deve ter um "déficit de representação" no Congresso, o que dificultará ainda mais as reformas de que o país precisa, tão conhecidas que "já viraram até piada".

A revista acena para a disputa presidencial pós-Lula. Elogia o "choque de gestão" em Minas Gerais feito pelo governador Aécio Neves. "Mr. Neves" aparece com uma imagem melhor do que Lula.

Nova previsão do PIBinho (para baixo, claro)

O Banco Central divulgou ontem o relatório trimestral de inflação de Setembro, onde mostra as previsões de inflação corrente e futura e do crescimento do PIB, entre outras coisas.
O BC reduziu sua previsão de inflação para este ano de 3,8% para 3,4%, e para 2007 aumentou, de 4,2% para 4,3. Além disso, reduziu sua previsão de crescimento do PIB deste ano de 4% para 3,5%.
Só o BC ainda não sabia que o PIB não iria crescer 4%. Mas fora isso, o que mais me chamou a atenção na mudança da previsão foi o lado da demanda do PIB (que pode ser analisado sob diversas óticas, entre elas a ótica da demanda): de todos os itens que formam a demanda do PIB (Formação Bruta de Capital Fixo, ou Investimentos; Consumo familiar; Exportações; Importações; Consumo do governo), TODOS, com exceção do consumo do governo, apresentaram redução (ver quadro):

O que isso quer dizer? Quer dizer que o setor privado vai crescer menos e o setor público, aumentar seus gastos. O aumento dos gastos do governo impediu que o PIB caísse mais do que o projetado no novo relatório do BC.
Em resumo: o PIB não vai cair mais porque o governo vem gastando muito. Isso é mau sinal.

Pensamentos aleatórios

Quem anda com aloprados, aloprado é?

Tuesday, September 26, 2006

Lost

Pra quem não aguenta mais ficar sem Lost, dêem uma olhada no vídeo promocional da terceira temporada...


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Tuesday, September 19, 2006

O PT chafurda na lama

Editorial do jornal O Estado de S. Paulo de hoje, p.A2.
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Tendo sangrado o erário em pelo menos R$ 110 milhões vendendo ambulâncias superfaturadas a centenas de prefeituras, a família Vedoin, com os bens bloqueados pela Justiça, aplicou um formidável conto-do-vigário no partido do mensalão, que só serviu para deixar a nu a desenvoltura com que os companheiros do presidente Lula se esbaldam na lama do 'submundo do crime', como disse o candidato Geraldo Alckmin. Pela módica soma de R$ 1,750 milhão - módica perto dos R$ 20 milhões que queriam originalmente tomar do PT -, os vigaristas fariam chegar documentos cabeludos a dirigentes petistas, por interpostos cúmplices, e usariam a imprensa para fazer revelações que comprometeriam com a máfia dos sanguessugas o ex-ministro José Serra, franco favorito na disputa pelo governo paulista, o seu sucessor na Saúde, Barjas Negri, atual prefeito de Piracicaba, e até mesmo Alckmin.
Puro blefe. O material do alardeado 'dossiê' contra os tucanos vale nada. Usadas para dar a entender que eles tinham parte com a fraude, as imagens em que aparecem em entregas de ambulâncias, ao lado de futuros denunciados pela maracutaia, são de uma ridicularia atroz: resumem-se a instantâneos das servidões da política, que não permitem ao administrador público selecionar as companhias em eventos que demandam a sua presença. Já o mesmo não se pode dizer das cenas que mostram o presidente dividindo palanque, em Belém, com tipos notórios da estatura de Jader ('Sudam') Barbalho, Ademir ('Docas do Pará') Andrade e Paulo ('Mensalão') Rocha. Afinal, Lula escolheu tê-los como aliados. Mas nem por isso se o acusará de corrupto. Ou de ter ciência da baixaria que considerou 'abominável', só porque, numa foto de 2002, caminha ao lado do segurança e funcionário palaciano Freud Godoy, acusado de ser o operador da torpeza. Ele se demitiu ontem.
A entrevista dos Vedoins à revista IstoÉ
completa a vigarice. Nela, o executivo da máfia, Luiz Antonio Vedoin, afirma o que negou enfaticamente à CPI dos Sanguessugas, no começo de agosto. No depoimento, apesar do fogo cerrado de parlamentares petistas, negou ter testemunhado ou participado de qualquer ilícito na liberação de recursos para as compras de ambulâncias quando o ministro da Saúde era José Serra. 'Não era eu que fazia o governo liberar, liberava-se normal', recordou. 'Com o José Serra, nem (contribuição) legal, nem ilegal, não foi passado nenhum valor para ele.' Ao semanário, preferiu falar que o pagamento de propina pelas liberações 'era nítido a todos'. O entrevistador não o cobrou pela contradição. Na mesma sexta-feira em que a revista saiu, com um dia de antecipação, a capa bombástica onde se lê 'Os Vedoin acusam Serra/ ´Quando Serra era ministro, foi o melhor período para nós´' estava no horário de propaganda de Orestes Quércia - que decerto conhece a inside story da operação. É em meio a esse lodaçal que se aproxima do fim a mais oca das campanhas eleitorais. Um petista de carteirinha, Valdebran Carlos da Silva Padilha, e um advogado e ex-agente da Polícia Federal, Gedimar Pereira Passos, foram presos enquanto esperavam em um hotel o 'dossiê' que lhes seria entregue pelo tio de Luiz Antonio, Paulo Roberto, não tivesse ele sido detido pela PF em Cuiabá, ao embarcar para São Paulo. Gedimar examinaria a autenticidade do material; estando tudo certo, Valdebran faria o pagamento. Não está claro por que os federais impediram a sua viagem e a dos Vedoins, perdendo com isso a oportunidade de apanhá-los todos em flagrante.
Não está claro, tampouco, por que o órgão policial, cujo titular responde diretamente ao ministro da Justiça, desta vez não chamou a imprensa para fotografar o dinheiro e os pagadores, mas exibiu as peças do 'dossiê'.
O certo é que um crime eleitoral foi cometido a mando de alguém mais importante na hierarquia petista do que o mato-grossense Valdebran, com a autorização ou o conhecimento sabe-se lá de quem, e com dinheiro vivo (dólares e reais) cuja origem precisa ser conhecida não menos rapidamente do que a identidade do(s) criminoso(s). Quaisquer que sejam as conseqüências políticas, é imperioso que a responsabilidade pelo delito - ou pelo 'erro', no jargão do PT - não fique circunscrita a um ou outro solitário companheiro supostamente agindo por conta própria. E isso exige que o conto-do-vigário seja investigado em todas as suas ramificações, com o engajamento do Ministério Público e da Justiça Eleitoral.

Freud explica - 1

Página 4 do jornal O Estado de S. Paulo de hoje.
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Envolvimento com dossiê Vedoin derruba assessor especial de Lula
Procurador da República cogitava ontem pedir a prisão preventiva de Freud Godoy, que depôs na PF
Tânia Monteiro Bruno Winckler Paulo Baraldi
O assessor especial da Secretaria Particular da Presidência da República Freud Godoy, apontado como o petista que contratou os intermediários do dossiê Vedoin, caiu ontem.
Freud acertou sua saída com o Planalto depois de conversar de manhã ao telefone com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Oficialmente Freud deixa o governo por vontade própria.
Como informou o
Estado ontem, o assessor da Presidência foi envolvido a partir de depoimento dado à PF por um dos presos no caso. Na sexta-feira, a PF deteve Gedimar Passos e Valdebran Padilha com R$ 1,75 milhão em um hotel de São Paulo. O dinheiro seria entregue a Luiz Antônio Vedoin, dono da empresa que atuava como pivô da máfia dos sanguessugas. Gedimar disse ao depor que a operação foi acertada com alguém chamado Froude ou Freud.
A PF suspeita que o dinheiro serviria para pagar Vedoin por dossiê destinado a ligar candidatos tucanos ao esquema de venda de ambulâncias superfaturadas. Outra possibilidade é que a quantia servisse para remunerar entrevista concedida por Vedoin à revista
IstoÉ,na qual ele faz acusações contra José Serra, ex-ministro da Saúde, e seu sucessor, Barjas Negri.
Freud é muito próximo do presidente Lula, com quem trabalhou desde os anos 80. Ontem, foi Lula quem ligou para ele. O presidente tinha pressa em resolver o futuro do auxiliar porque, no fim da manhã, deveria embarcar para Nova York.
Lula teria ficado irritado com o
envolvimento no caso de alguém tão próximo dele. 'Pode dormir tranqüilo que tenho como provar que não tenho nada com isso', teria dito Freud ao presidente, segundo relatou mais tarde. No Planalto, colaboradores divulgaram a versão de que o presidente acreditou nele. Mesmo assim, disseram, Lula decidiu afastá-lo.
Decidido o desenlace, foi montada operação para concretizá-lo. Freud fez um pedido de demissão, encaminhado via e-mail para o chefe de gabinete do presidente, Gilberto Carvalho, a quem ele está subordinado. A saída de Freud também passou pela ministra Dilma Rousseff, da Casa Civil. Com os procedimentos, o presidente Lula acabou embarcando para os EUA com mais de uma hora de atraso. No Diário Oficial da União de hoje, a saída deve aparecer como 'a pedido'.
No início da tarde, Freud se apresentou à PF em São Paulo.
Segundo seu advogado, Augus
to Botelho, houve acareação com Gedimar, que preferiu se manter em silêncio. Botelho considerou a acusação contra Freud 'inverídica, absurda e fantasiosa'. O advogado disse acreditar que Freud foi apontado como contratante por ter nome 'quase cinematográfico' e 'muito fácil de falar'.
O procurador da República Mário Lúcio Avelar cogitava ontem pedir a prisão preventiva de Freud.

Sunday, September 17, 2006

Lula prefere o segundo turno



Mauro Chaves
Disse o ministro das Relações Institucionais, Tarso Genro, que o presidente Lula está preparado para se reeleger tanto no primeiro quanto no segundo turno. Se tivesse maior sensibilidade para captar o recôndito da alma presidencial, certamente o ministro entenderia que Lula, embora não se aborreça se ganhar no primeiro, tem sólidos motivos para preferir muito mais sua reeleição no segundo turno.
Antes de mais nada, Lula bem sabe o quanto representa a necessidade de trabalho e emprego nos dias que correm. E o segundo turno nas eleições presidenciais significa mais um mês de trabalho para milhares de pessoas. Os que têm a função de elaborar os programas do horário gratuito no rádio e na televisão - produtores-executivos, diretores, roteiristas, cenógrafos, cinegrafistas, figurinistas, continuístas, músicos, sonoplastas, locutores, pesquisadores, etc.; os incumbidos dos materiais gráficos e têxteis de propaganda, tais como desenhistas, produtores de cartazes, bandeiras, banners, camisetas, bonés, etc.; os encarregados e operadores de equipamentos de som, de transporte, de telemarketing, de logística, os merendeiros, panfleteiros, seguranças, motoristas, enfim, há batalhões de profissionais que, caso a eleição se definisse já no primeiro turno, perderiam repentinamente uma importante - mesmo que temporária - fonte de rendimento.
O segundo motivo relevante
para Lula preferir o segundo turno é o da governabilidade.
Confirmando-se as previsões
segundo as quais o Partido dos Trabalhadores (por sabidas razões) estará minguado depois das próximas eleições, se Lula se reeleger precisará construir uma sólida base de apoio multipartidário, sob pena de ter de afundar-se, de novo, no sistema de cooptação via mensalão.
Ora, que melhor ajuste em prol da governabilidade haveria do
que aquele negociado em função dos indispensáveis apoios para o sucesso eleitoral no segundo turno? O aliado do segundo turno vale mais que o do primeiro, porque é uma força nova, agregadora, com a motivação de quem salta da derrota para a parceria na vitória, com base no sábio mandamento do sucesso, que é o if you can´t beat him, join him.
O terceiro motivo é o da credibilidade, que Lula precisa conectar à sua popularidade - características essas que não se confundem, visto que a ocorrência de uma não implica a existência da outra, mas ambas são necessárias para o êxito de qualquer político, especialmente um chefe de Estado e de governo. Essa credibilidade só poderá ser recuperada quando o eleitor perceber que aquele que pretende continuar exercendo o mais elevado cargo da República está agora, de fato, mais preparado para a função, sob o ponto de vista dos conhecimentos adquiridos, da experiência acumulada, do comportamento ético adotado e de tudo o mais que exija demonstração direta e ao vivo, perante o eleitorado, sem a ajuda dos textos alheios lidos no teleprompter ou dos truques mirabolantes engendrados pelos marqueteiros. Quer dizer, é a credibilidade que deriva da imagem da sinceridade não representada, da competência não fingida e da capacidade de raciocínio que só se comprova nos momentos inesperados dos debates, na superação das dificuldades causadas pelas perguntas, réplicas e tréplicas dos adversários, dentro da prática essencialmente democrática do debate público-político.
Certamente o presidente Lula não se contentará em ser reeleito apenas em razão do 'puro assistencialismo' do Bolsa-Fa
mília, 'que não liberta ninguém da miséria', apesar de significar 'tutti votti garantiti' de dezenas de milhões, como a ele se referiu o companheiro Frei Betto em entrevista recente ao Corriere Della Sera.Um presidente da República 'que agora conhece o mundo e o mundo o conhece', além de votado, tem de ser respeitado. E para voltar a ser respeitado o presidente precisa de mais tempo - pelo menos um mês - para explicar ao País e ao mundo o significado preciso das frases que pronunciou durante seus primeiros quatro anos de gestão, tais como:
'Eu gostaria de ter estudado latim, assim eu poderia me comunicar melhor com o povo da América Latina.'
'A grande maioria de nossas importações vem de fora do País.'
'Se não tivermos sucesso, corremos o risco de fracassarmos.'
'Uma palavra resume provavelmente a responsabilidade de qualquer governante. E essa palavra é ´estar preparado´.'
'O futuro será melhor amanhã.'
'Eu mantenho todas as declarações erradas que fiz.'
'Nós temos um firme compromisso com a Otan.
Nós temos um firme compromisso com a Europa. Nós fazemos parte da Europa.'
'Um número baixo de votantes é uma indicação de que menas pessoas estão a votar.'
'Nós estamos preparados para qualquer imprevisto que possa ocorrer ou não.'
'Para a Nasa, o espaço ainda é alta prioridade.'
'Não é a poluição que está prejudicando o meio ambiente. São as impurezas no ar e na água que fazem isso.'
'É tempo para a raça humana entrar no sistema solar.' Ninguém duvida da sinceridade do presidente quando ele afirma que a maior de todas as suas prioridades é a educação. Mas, como se sabe, um exemplo vale mais do que mil palavras. Ao explicar o sentido das mencionadas frases, o presidente provavelmente estará ilustrando, melhor do que ninguém, o verdadeiro significado do milagre da educação. Por tudo isso, é dever dos que desejam a recuperação do respeito e da governabilidade do presidente Lula votar em outro candidato presidencial, para que por meio do segundo turno se organizem melhor as forças que possam dar efetiva sustentação político-parlamentar ao que comandará os destinos da Nação nos próximos quatro anos.


Mauro Chaves é jornalista, advogado, escritor, administrador de empresas e produtor cultural. E-mail: mauro.chaves@attglobal.net