Friday, July 28, 2006

Pensamentos aleatórios

Nas eleições de Outubro, quando o candidato governista criticar e culpar a gestão anterior "deste País" pela bilionésima vez, deveremos então entender que a crítica é para a sua própria gestão???

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"Nosso guia", ontem e hoje

O quadro abaixo foi publicado no O Estado de S. Paulo de 28 de Julho de 2006, p. A6, com base em artigo do jornalista Gabriel Manzano Filho. Divirtam-se.




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Agora eu entendi...

"Nosso guia", assim mesmo, entre aspas, como brilhantemente definiu Elio Gaspari nosso atual presidente da República, deu uma entrevista à rádio CBN ontem pela manhã. Respondeu a perguntas do âncora do programa, Heródoto Barbeiro.


Foto: Dida Sampaio/AE

Ao que parece, "nosso guia" não está elaborando o seu próprio programa de governo. Os seus partidos aliados estão.

Também disse que antes do governo dele, se os EUA espirrassem, nós pegávamos pneumonia. Agora, dizemos "saúde".

Diante de perguntas sérias, fugiu. Disse que o déficit da Previdência é problema da Tesouro Nacional e não se comprometeu com uma nova reforma.

Quanto à reforma tributária, parece que ela já foi feita, nós é que não sabíamos! E o que falta votar é um problema do Congresso e dos governadores que 'querem manter a guerra fiscal acesa neste País'.

Ah tá. Agora sim.


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Thursday, July 27, 2006

Microsoft vs. Apple

Vai ser muito difícil a Microsoft derrubar a Apple com seu iPod killer, o Zune. Isso porque a Apple é a líder no segmento e ocupa uma posição invejável: consegue bolar produtos inovadores numa velocidade incrível.

Mas a análise vai além. O Zune se compara ao rei do pedaço até em seu apelido: ele é o "matador do iPod". Quando um cliente for comprar o Zune, ele com certeza vai pensar: "isso aqui é melhor ou não do que o iPod?"

Which iPod are you?

Você acha que os executivos da Microsoft vão ficar felizes com isso? Afinal, é para os clientes pensarem no Zune como um equipamento legal ou em contraste com o iPod?

A Apple ainda tem outras vantagens sobre a empresa de Redmond:

  1. Design: o design é em última análise um ativo para a Apple, fonte de imensa vantagem competitiva. Ninguém faz melhor, ponto final;
  2. Nome de categoria: Gilette é sinônimo de lâmina de barbear. Bombril é a mesma coisa para escova de aço. iPod é sinônimo de tocador de música digital, o walkman do século XXI. Em termos de posicionamento de marca, a Apple já se estabeleceu. A Microsoft terá que criar awareness de seu produto;
  3. O modelo de negócios da Apple é o inverso do que as outras empresas fazem. Tome, por exemplo, a combinação impressora-toner. As empresas vendem impressoras com margens de lucro baixíssimas para ganhar dinheiro com os toners. A combinação iPod-iTunes Music Store é diferente! A Apple não vende iPods para vender músicas; é o contrário! A loja serve de "isca": quanto mais músicas são vendidas pela sua loja, maior é a probabilidade de que os clientes comprem mais iPods, pois caso o cliente queira abandonar o produto, terá que recomprar suas músicas em outra loja digital (as músicas da ITMS só funcionam no iPod). Como isso não é segredo e como as vendas da ITMS não param de aumentar, a única conclusão possível é que os clientes acreditam que os benefícios da loja online superam os custos de mudar de tocador de música. Isso faz com quem o mercado restante para os concorrentes do iPod diminua ainda mais a cada compra de música feita na loja da Apple!
Mas como em qualquer segmento, a concorrência é saudável. Resta agora saber qual o tamanho da fatia do bolo que a Microsoft conseguirá para si no mercado digital.

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Saturday, July 22, 2006

Confirmado o tal do "iPod Killer"

E não gostei. Visualmente falando, é claro. Ontem, a Microsoft anunciou que o novo player, provavelmente chamado 'Zune', é uma "família de produtos em hardware e software" que "agregará tecnologia e comunidade para permitir que clientes explorem e descubram músicas juntos". O produto estará à venda antes do Natal. Vejam a foto:

Reprodução
Mp3 player deve ser lançado neste ano; Zune será concorrente direto do iPod, da Apple


Vamos por partes.

Se se trata de família de produtos, esperemos a mãe e os filhinhos. É quase certeza de que Bill lançará diversas linhas do mesmo produto, nos moldes do iPod de 60GB, do Nano, do iPod U2 etc.

Mas é uma família de hardware E software. Então, vai ter loja de música.

E agregará tecnologia e comunidade para permitir que clientes explorem e descubram músicas juntos. Hmmmm...vejo aqui uma funcionalidade que permita troca de músicas entre usuários, possivelmente download de .mp3 pelo próprio aparelhinho, sem necessidade de entrarmos na loja virtual e baixarmos nossas músicas primeiro para o computador. Além disso, fontes afirmam que a empresa vem analisando uns oito cenários de interação wireless, desde a compra até um cenário em que usuários possam ouvir amostras de músicas de outros tocadores que estejam próximos ao seu e dentro de um hotspot wireless.

Além disso, os usuários poderão ver os playlists um do outro e dar recomendações de músicas e amostras de músicas.

O produto também terá interação com PC's e o console de videogame da Microsoft, o Xbox.

O grupo também divulgou em um comunicado "o novo projeto de música e entretenimento", o que dá pano pra manga, pois eu, pelo menos, entendi que o 'Zune' também vai agregar vídeos além de música.

Bom...desculpem-me os entusiastas da Microsoft, mas pra mim isso não é iPod killer! A única funcionalidade que vejo diferente do que o iPod tem hoje é o download wireless das músicas para o aparelho e a interação entre usuários. Mas convenhamos, mais cedo ou mais tarde (provavelmente mais cedo do que todo mundo imagina, mais precisamente no próximo dia 7, na conferência de desenvolvedores Mac), o Sr. Steve Jobs anunciará algo do gênero.

E quanto ao visual? Talvez uma tela melhor, mas que não compensa o design meio pobre para mim.

Resta saber agora sobre a facilidade de uso.

Entretanto, o fato de aparentemente ser difícil enfrentar o iPod não significa que o 'Zune' não irá alterar a dinâmica competitiva e estratégica desse mercado. No próximo post, comentarei as implicações econômico-estratégicas da entrada deste novo player no setor de música digital.

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Fim do pesadelo

Mauro Chaves
O pior de tudo era a sensação de inexorabilidade. Sentíamonos condenados - como numa tragédia grega - a um destino inelutável. Parecia que não haveria força alguma capaz de se contrapor ao empuxo avassalador da ignorância, aos efeitos perversos do despreparo mesclado de arrogância. Era como se um poder estranho se tivesse apossado das mentes e dos comportamentos, para perpetrar uma brutal inversão de valores: aquilo que fora pregado por mais de duas décadas valia por seu contrário. Os princípios éticos, a decência pública, os escrúpulos, o idealismo, antes cobrados de todos e defendidos com intransigência, tornaram-se objeto de puro escárnio, tal a distância demonstrada entre o dito e o feito, o pregado e o vivido, o prometido e o desprezado - resumindo-se tudo ao traiçoeiramente fingido.
De cima a baixo se impunha a influência demolidora do desprestígio do esforço pessoal do aprendizado. Decretara-se a derrocada do mérito, como critério da seletividade, e sua substituição irremediável pelo compadrio. Valorizara-se ao extremo a capacidade de exercer-se o tráfico de influência, ou de pelo menos admiti-lo sem qualquer resquício de sentimento de culpa. Fora-se com sede insaciável aos potes, com frenesi se abasteceram as quadrilhas - em volumes além da própria capacidade de consumo -, inventaram-se operações mirabolantes para garantir o crônico patrimonialismo em sua versão mais sórdida - ou seja, a apropriação de recursos públicos para a montagem de estruturas permanentes de funcionamento da rapina privada.
Elevara-se como padrão de excelência a quase-lógica, o curso das meias-verdades enganadoras, o mapa do 'como se fosse' no país do faz-deconta. Fizera-se um nivelamento por baixo, com desprezo total à precisão - de linguagem e d e compreensão da complexidade do mundo -, optando-se sempre por aquilo que 'impressiona' mais, que 'faz vista', como se os interesses cosméticos do marketing superassem os da real cidadania. É claro que nesse processo cultura e arte viraram perfumaria de ociosos burgueses - e se tentou 'enquadrar', cerceando, a produção cultural e audiovisual, da mesma forma que se tentou tolher a liberdade de expressão dos profissionais de imprensa.
Desrespeitaram-se as leis de forma sistemática, utilizando-se todos os recursos da assessoria pública para o exercí
cio da burla, da escamoteação, do encontro de brechas e fendas legislativas capazes de inverter os efeitos pretendidos das normas. Permitiuse a afronta direta aos direitos individuais, à propriedade, ao exercício da produção, à liberdade de locomoção e ao trabalho, especialmente no meio rural. Desprezaram-se as atribuições que caracterizam a majestade do cargo de poder maior, de tal forma a destruir a sua preciosidade simbólica, a sua altaneria, o seu decoro.
Usurparam-se obras alheias, atribuíram-se autorias e conquistas de antecessores, sem lhes conceder um mínimo de generoso reconhecimento, a ponto de se apelidar de 'herança maldita' o que fora a base indispensável de qualquer política positiva adotada. Na desvalorização da competência intelectual, com o objetivo de eliminar notórios contrastes com a mediocridade investida de poder, procurou-se demonstrar a não-importância do empenho na aquisição de conhecimento, como se o esforço de aprender fosse apenas uma saída para os menos agraciados com a intuição inata, a capacidade de improviso, o entendimento só de oitiva, próprio de quem até se envaidece com a ojeriza que sente pelos livros.
Adotou-se o assistencialis
mo predatório do esforço, o estímulo ao ganho sem produção, a detonação do orgulho de crescimento das famílias, as quais precisam manter um pacto com a pobreza para sobreviver com a esmola oficial. É aquilo que mais apropriado seria chamar de bolsa da vergonha, da expectativa gorada, da desistência do trabalho produtivo. E no mesmo espírito do 'como se fosse' do país do faz-de-conta, taparam-se mal e porcamente os buracos, aplicaram-se múltiplas gambiarras, inauguraram-se pencas de inutilidades, com estas pretendendo arrematar votos - pois o que não é respeitado sempre pode ser arrematado.
Por sobre tudo a torrencial propaganda oficial, a publicidade desbragada na colocação de cada poste. É claro que alternância no poder é coisa ótima, democrática, que reflete a plena liberdade de convicções e a pluralidade de opiniões numa sociedade. Mas acima do que a lei assegura, como condição de acesso de partidos e candidatos ao poder, é preciso que haja a viabilidade concreta dessa alternância, por meio de uma real competitividade. O jogo eleitoral com resultado prévio fixado era, no mínimo, tenebroso. Por isso, quando o desânimo já dominava os espíritos dos que nada viam além da repetição do ruim, eis que as benditas pesquisas mudam tudo, abrem uma alternativa e, só com isso, já decretam o fim do pesadelo.
Agora, é só acreditar na recuperação dos valores, na limpeza do espaço público,
no respeito às normas legais, no esforço do aprendizado, na escolha segundo o mérito, na correspondência da palavra ao ato, no prestígio da produção e do trabalho, na majestade do alto cargo público, nas instituições da democracia civilizada. Só resta atravessar com confiança o que falta para acabar com esse sonho ruim, acreditando que tudo não passou de um momentâneo, esporádico e acidental mal-entendido de nosso destino, que nem seqüelas haverá de nos trazer.


Mauro Chaves é jornalista, advogado, escritor, administrador de empresas e produtor cultural. E-mail: mauro.chaves@attglobal.net


Thursday, July 20, 2006

A guerra Israel-Hezbollah

Decidi publicar aqui alguns artigos interessantes sobre o mais novo conflito do Oriente Médio. É uma região em guerra há dois séculos. Não é uma situação que se resolva só com vontade política.

Os artigos abaixo servem para que você possa refletir sobre o assunto. Foram publicados originalmente na edição de quarta-feira, 19 de julho de 2006 no O Estado de S. Paulo:

Israel está alimentando o inimigo
Nicholas D.Kristof*
U ma das maiores tragédias do Oriente Médio é a 'síndrome do bumerangue'. Árabes impacientes apoiaram a violência e assim colocaram Ariel Sharon e agora Ehud Olmert no poder em Israel, deixando os pacifistas israelenses totalmente desacreditados. Alguns árabes indignados com seus desconfortos diários apoiaram as provocações que agora multiplicam o sofrimento tanto em Gaza como no Líbano.
Temo que israelenses impacientes caiam agora na mesma armadilha. Sentindo-se ultrajados com os ataques e seqüestros, os israelenses intensifica
ram o conflito, lançando um ataque ao Líbano que pode tornar a vida em Israel muito mais perigosa nos próximos anos. É fácil simpatizar com a revolta dos israelenses, particularmente porque os ataques contra seu país se seguem às retiradas de Israel, primeiro do Líbano e depois da Faixa de Gaza.
Mas os vencedores neste conflito, a médio e longo prazo, provavelmente serão os partidários da linha dura em todo o mundo muçulmano.
Os regimes iraniano e sírio são ilegítimos, incompetentes e impopulares, mas conseguem explorar o ódio nas imagens da televisão vindas do Líbano, que significam novas esperanças para eles próprios. Os apelos de extremistas paquistaneses por uma jihad (guerra santa) serão reforçados. No Sudão, o presi
dente Omar Hassan al-Bashir deverá arregimentar o ódio popular para resistir contra as forças de paz das Nações Unidas em Darfur. No Iraque, a simpatia pelos xiitas libaneses poderá fortalecer as milícias xiitas extremistas do próprio Iraque.
Ao mesmo tempo, não está claro o que Israel pode conseguir militarmente no Líbano.
Os 12 mil mísseis controlados pelo Hezbollah não são mantidos em arsenais, mas em casas e armazéns que passam despercebidos, e assim não é seguro que Israel consiga destruir mui
tas dessas armas. Se os israelenses insistirem numa guerra aérea limitada durante algumas semanas, só produzirão imagens de libaneses ensangüentados para a televisão, provocando a cólera do mundo, mas não conseguirão qualquer mudança substancial de poder no terreno.
Até este mês, o Hezbollah estava na defensiva no Líbano, pressionado para se desarmar e considerado um peão da Síria e do Irã. A Al-Qaeda até tentou assassinar o líder do Hezbollah, Hassan Nasrallah.
No entanto, agora Nasrallah, um dos mais astutos políticos da região, seqüestrou não só soldados israelenses, mas o conflito do Oriente Médio. Ele poderá até mesmo sair desta guerra mais respeitado por sunitas e xiitas.
Uma regra empírica no Oriente Médio é que qualquer pessoa que faça prognósticos seguros está sendo muito dogmática para que valha a pena escutá-la. Talvez eu esteja errado e Israel consiga atingir suas metas de segurança a curto prazo, pois é possível que esta guerra empurre o Conselho de Segurança das Nações Unidas e o próprio Líbano no sentido de desarmar o Hezbollah.
Contudo, a preocupação também é a longo prazo, e a fúria contra Israel será muito mais difícil de destruir do que os foguetes Katiusha do Hezbollah.
Viajei de carona pelo Líbano e região quando estudante em 1982, logo depois da invasão israelense. Embora a Síria tivesse massacrado recentemente cerca de 10 mil a 20 mil membros de sua população em Hama - o centro da cidade estava em ruínas -, muitos árabes não sabem que sírios matam sírios e estão enraivecidos porque israelenses mataram árabes. Pode não ser justo, mas a realidade é esta: o poder de Nasrallah hoje deve-se em parte aos bom
bardeios israelenses de 1982.
Da mesma forma, o sucessor radical do xeque em 2030 será levado ao poder em parte por causa dos bombardeios israelenses de 2006. 'É simples nos unirmos emocionalmente à guerra de George Bush contra o eixo do mal',
afirmou o jornal israelense Haaretz num editorial, 'mas é preciso lembrar que, no fim do dia, são os cidadãos de Israel e não os americanos que precisarão continuar vivendo no Oriente Médio. Portanto, precisamos pensar em meios que tornem possível a coexistência, mesmo com aqueles que não gostaríamos que estivessem conosco.' A longa experiência mostra que Israel não pode refrear as redes privadas de terror, mas pode conter os Estados. A Síria, por exemplo, despreza Israel, mas não lança foguetes nem seqüestra soldados. Dessa forma, Israel poderia se beneficiar de Estados mais firmes no Líbano e Gaza, que controlem efetivamente seus territórios. Mas, pelo contrário, as mais recentes ofensivas israelenses fomentam a anarquia tanto ao norte como ao sul, nutrindo potencialmente grupos militantes que não estão sujeitos ao modelo clássico de repressão.
Se Israel quer alcançar uma verdadeira segurança, temos uma boa idéia sobre como conseguir isso, ou seja, a solução de dois Estados, nos termos do acordo acertado em Genebra em 2003 entre pacifistas israelenses e árabes. Os combates
no Líbano afastam cada vez mais essa possibilidade - e, nesse sentido, cada bombardeio prejudica o futuro tanto de Israel como do Líbano. ?


* Nicholas Kristof é colunista do jornal ´The New York Times´


Aconteça o que acontecer, Israel não deve reconquistar o que perdeu



Richard Cohen*
N o m omento, o maior engano que Israel pode cometer é esquecer que ele próprio é um erro. Um erro honesto, bem intencionado, pelo qual ninguém é culpado, mas a idéia de criar uma nação de judeus europeus numa região de muçulmanos árabes (e alguns cristãos) produziu um século de guerras e terrorismo similares ao que estamos presenciando hoje. Israel combate o Hezbollah no norte e o Hamas no sul, mas seu maior inimigo é a própria história. É por isso que a guerra árabeisraelense, que se transformou numa guerra entre israelenses e muçulmanos (o Irã não é um Estado árabe), persiste e se amplia, e o conflito muda e se inflama. É por isso que Israel combate hoje uma organização, o Hezbollah, que não existia há 30 anos, e por isso o Hezbollah é apoiado pelo Irã, que outrora foi um aliado tácito de Israel. O ódio fundamental e subterrâneo que o mundo islâmico nutre pelo Estado judeu é apenas um borbulho na superfície. Os líderes da Arábia Saudita, Egito, Jordânia e alguns outros países árabes podem condenar o Hezbollah, mas duvido que o homem da rua compartilhe essa opinião.
De nada vale condenar o Hezbollah. Os fanáticos não se submetem à razão. E também não adianta condenar o Hamas. Trata-se de um fétido grupo anti-semita, cujo princípio de organização é o ódio por Israel.
Contudo, vale a pena advertir Israel para se conter - não por causa dos seus inimigos, mas para o bem do próprio país.
Aconteça o que acontecer, Israel não deve usar sua força militar para reconquistar o que já perdeu: a zona-tampão no sul do Líbano e a Faixa de Gaza.
Os críticos de linha dura de Ariel Sharon, o líder israelense (hoje em coma) que iniciou a retirada de Gaza, sempre afirmaram que Gaza se tornaria um abrigo de terroristas, que a Autoridade Palestina moderada
não conseguiria controlar os militantes e que a região seria utilizada para o disparo de foguetes e o lançamento de ataques terroristas contra Israel.
Foi exatamente o que aconteceu. É verdade também, como outros alertaram, que a saída de Israel do sul do Líbano foi considerada por seus inimigos - e reivindicada pelo Hezbollah - como uma derrota do poderoso Estado judeu. O Hezbollah assumiu o mérito disso, com razão. Seus ataques persistentes esgotaram Israel. No final, os israelenses acabaram se retirando e a ONU prometeu uma fronteira segura. O Exército libanês cuidaria dela (e até agora nada fez).
Todas as advertências tornaram-se realidade. No entanto, a retomada desses territórios seria pior. Israel bruscamente voltaria à antiga posição, subjugando uma população irada e impaciente e, aos olhos do mundo, cometendo os inevitáveis pecados próprios de uma potência de ocupação. A decisão inteligente será retornar às fronteiras que são defensáveis, embora não sejam intransponíveis. Significa sair da maior parte da Cisjordânia e esperar que (e ter esperança de que) a história tome um rumo distinto.
Isso vai levar algum tempo e, nesse intervalo, as ações terroristas e os ataques de foguetes continuarão.
Em seu livro a ser lançado,
The War of the World, o historiador britânico Niall Ferguson dedica um espaço considerável à horrível história dos judeus na Europa dos séculos 19 e 20. E não pensemos no Holocausto.
Em 1905 ocorreram massacres de judeus em 660 lugares diferentes da Rússia e mais de 800 judeus foram assassinados, tudo isso em menos de duas semanas. Esta foi a realidade da vida
para muitos judeus da Europa.
Não surpreende que tantos tenham emigrado para Estados Unidos, Canadá, Ar
gentina ou África do Sul.
Não surpreende que outros tenham abraçado o sonho do sionismo e ido para a Palestina, primeiro uma colônia da Turquia e depois da Grã-Bretanha. Na verdade, fugiram para salvar suas vidas. E muitos dos que ficaram - 97,5% dos judeus da Polônia, por exemplo - foram mortos no Holocausto.
Outro talentoso historia
dor britânico, Tony Judt, concluiu seu recente livro,
Postwar, com um epílogo sobre como é indispensável que o Estado civilizado moderno reconheça o Holocausto. Grande parte do mundo islâmico, sobretudo o Irã sob a presidência de Mahmud Ahmadinejad, que nega o Holocausto, permanece fora desse círculo e se recusa a dar mesmo um pequeno espaço para os judeus da Europa. Considera Israel não um engano, mas um crime.
Enquanto essa visão não for mudada, a guerra mais longa do século 20 vai persistir no século 21. Para Israel será melhor se conformar.
?


*Richard Cohen é colunista do ´Washington Post´

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Tuesday, July 18, 2006

Cresce chance de 2º turno entre Lula e Alckmin

Talvez tenhamos acordado e percebido que nem tudo é o que parece ser. Talvez. Mas aí, como sempre digo, cada país tem o presidente que merece.
É esperar para ver.

18/07/2006 - 20h48
Cresce chance de 2º turno entre Lula e Alckmin, aponta Datafolha
Da Redação
Em São Paulo


Aumentou a possibilidade de haver um segundo turno entre o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), que busca a reeleição, e o candidato do PSDB à Presidência, Geraldo Alckmin, segundo pesquisa do Datafolha divulgada nesta terça-feira (18/07) pelo Jornal Nacional, da Rede Globo.

Lula aparece com 52% dos votos válidos. Para vencer no primeiro turno, é necessário obter 50% mais um dos votos válidos. A vantagem do petista está no limite da margem de erro do levantamento, que é de dois pontos percentuais para mais ou para menos. No último levantamento do Datafolha, realizado nos dias 28 e 29 de junho, Lula tinha 54% dos votos válidos.

Em um eventual segundo turno, Lula obteria 50% dos votos e Alckmin, 40%. Os números mostram estabilidade com relação à pesquisa de junho, quando Lula obteve 51%, e Alckmin, 40%.

O petista lidera a corrida presidencial com 44% da intenção de votos. Alckmin aparece com 28%. Os números refletem oscilações dos candidatos dentro da margem de erro com relação à última pesquisa do Datafolha, em que Lula tinha 46% e Alckmin, 29%.

Heloísa Helena aparece em terceiro com 10% de intenção de votos, o que representa um crescimento de quatro pontos percentuais sobre o que a candidata do PSOL obteve na pesquisa de junho (6%).

Depois de Heloísa Helena, aparecem Cristovam Buarque, do PDT, José Maria Eymael, do PSDC, e Rui Costa Pimenta, do PCO, com 1% cada. Eleitores indecisos correspondem a 8%. Aqueles que pretendem anular o voto ou votar em branco somam 7% do eleitorado.

O Datafolha ouviu 6.284 pessoas entre os dias 17 e 18 de julho (segunda e terça-feira). A pesquisa foi registrada no Tribunal Superior Eleitoral com o número 11149/2006.

Morreu Raul Cortez

Aqui fica minha homenagem a Raul Cortez, que faleceu nesta noite em São Paulo. Admirava seu trabalho. Vi "Rei Lear" com ele. Nunca vi tamanho colosso no palco.
Obrigado, Raul!
18/07/2006 - 20h29 Da Folha Online

O ator paulistano Raul Cortez, 73, morreu nesta terça-feira (18), às 20h15, no hospital Sírio-Libanês, na Bela Vista (região central de São Paulo). Ele estava internado desde o último dia 30 de junho. O artista tinha câncer na região abdominal. Seu último trabalho foi na minissérie "JK" (Globo) neste ano, mas a lembrança mais presente é do personagem Jeremias Berdinazzi, imigrante italiano ranzinza da novela "O Rei do Gado" (1996-1997).

Folha Imagem
Natural de São Paulo, o ator Raul Cortez atuava na TV, no teatro e no cinema
Natural de São Paulo, o ator Raul Cortez atuava na TV, no teatro e no cinema
Em comunicado, o hospital citou que a morte ocorreu devido às "complicações relacionadas a um câncer na região abdominal". Ele estava sendo tratado pelo oncologista Paulo Hoff e pelo cirurgião Vincenzo Pugliese.

O velório será nesta quarta-feira, a partir das 7h, no Theatro Municipal de São Paulo, no centro de SP. A seu pedido, o corpo será cremado, na Vila Alpina (zona leste de SP), informou o hospital.

Em dezembro de 2004, Cortez foi operado para retirada de um tumor na região do pâncreas e intestino delgado. Na época, ele interpretava o personagem Barão de Bonsucesso em "Senhora do Destino" (2004-2005) e teve de deixar as gravações da novela da Globo. Após a cirurgia, fez tratamento quimioterápico.

Em junho de 2005, o ator surpreendeu desfilando com elegância na São Paulo Fashion Week, sendo aplaudido por dez minutos pelo público.

Novelas e política

Divulgação
Ator como o ranzinza Berdinazzi em "O Rei do Gado"; veja mais imagens
Ator como o ranzinza Berdinazzi em "O Rei do Gado"; veja mais imagens
Cortez ficou famoso na TV em novelas na Globo, a partir dos anos 80, como
"Água Viva" (1980), "Baila Comigo" (1981), "Partido Alto", "Brega & Chique" (1987), "Mandala" (1987-1988), "Rainha da Sucata" (1990), "O Rei do Gado" (1996-1997), "Terra Nostra" (1999-2000) e "Esperança" (2002-2003).

Em sua carreira teatral, Cortez recebeu cinco prêmios Molière. O ator deixa duas filhas: Lígia (com a atriz Célia Helena, que faleceu em 97), que lhe deu as netas Vitória e Clara; e Maria (com a promoter Tânia Caldas). Nos anos 70, ele provocou polêmica declarando a uma revista que todas as pessoas eram bissexuais. Também dizia que permaneceu virgem até os 23 anos.

O ator começou sua carreira no teatro e no cinema, nos anos 50. Fez o filme "O Pão Que o Diabo Amassou" (1957), dirigido pela cineasta Maria Basaglia. Outras atuações de destaque foram nos filmes "Lavoura Arcaica" (2001), de de Luiz Fernando Carvalho, e "A Grande Arte" (1991), de Walter Salles. Em 2004, brilhou ao lado de Fernanda Montenegro no filme "O Outro Lado da Rua", de Marcos Bernstein.

Cortez também tinha uma atuação política. Em 2002, declarou voto ao presidenciável tucano José Serra e fez até uma aparição em seu programa eleitoral. O ator chegou a ser condecorado com a medalha Ordem de Rio Branco pelo então presidente Fernando Henrique Cardoso (PSDB).

Segundo a assessoria da Globo, Cortez nasceu no dia 28 de agosto de 1932, na região de Santo Amaro, em São Paulo. Inicialmente, o hospital havia divulgado erroneamente que Cortez tinha 74 anos.

Saturday, July 08, 2006

Desafios da Microsoft no mercado digital

Temos recebido sinais mais fortes de que a Microsoft realmente planeja lançar seu próprio tocador de música digital e sua loja de música online, possivelmente antes das festas de final de ano nos Estados Unidos. Mas a Microsoft não é aquela empresa que licencia seu sistema operacional para milhares de fabricantes de PCs? Por que razão, então, ela se lançaria na aventura de comercializar um sistema de música digital proprietário? Não é essa a estratégia adotada pela Apple desde sua criação, com o seu próprio sistema operacional, o MAC OS, e mais recentemente com o iPod e a loja de música online iTunes, e que recebe frequentes críticas de todos os lados?
A Microsoft cresceu e é o gigante de hoje porque licenciou seu sistema operacional (que teve suas origens na IBM) para os fabricantes de computadores pessoais. Essa estratégia deu certo no mercado de PCs, onde o Windows responde pela maior parte do mercado. Entretanto, esse mercado atingiu seu ponto de maturação nas economias desenvolvidas. A possibilidade de lucro é mais difícil. Além disso, ao que parece, não é uma estratégia adequada para o mercado digital de conteúdo, principalmente o de música e vídeo. A Apple, com seu iPod e sua loja iTunes, domina o mercado de tocadores digitais e o de download legal de músicas pela internet. E a empresa de Bill Gates não pode se dar ao luxo de deixar a Apple levar sozinha grande parte dos lucros deste mercado em franco crescimento.
As barreiras que a empresa de Redmond enfrentará são inúmeras. Entre elas, vai ter que antes de mais nada, explicar detalhadamente a seus atuais parceiros de hardware sua estratégia. Certamente essas empresas, como a iRiver, não ficarão satisfeitas em saber que sua principal fornecedora de software os abandonará depois de terem trabalhado por tanto tempo no ajuste de seus hardwares.
Além disso, e o que creio ser o mais difícil de se atingir, a Microsoft deverá superar a Apple no que ela tem de melhor: facilidade de uso do iPod e a integração fácil entre seu tocador digital e a sua loja online. A Apple também não pára no tempo e sua taxa de inovação é altíssima. E, por fim, é um mercado em alta expansãp. Tudo Isso criou uma vantagem muito grande para a Apple. Competir em pé de igualdade será um grande desafio para a Microsoft.
Por que a estratégia da Apple, de sistemas proprietários, e não a da Microsoft, de licenciamento de software a terceiros, deu certo no mercado de música digital? Essa é uma pergunta que poderemos responder em artigo posterior.