Wednesday, February 07, 2007

"Mr Lula da Silva deveria fazer o mesmo"

07/02/2007 - 12h20
'Financial Times' diz que Brasil só cresce com reforma trabalhista e previdenciária

SÃO PAULO - O Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) anunciado pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva é um passo à frente, mas nem de perto suficiente para o Brasil conseguir crescer no mesmo ritmo de seus concorrentes europeus e asiáticos, afirma o editorial "As tímidas reformas de Lula", do jornal britânico "Financial Times".

"O presidente deveria ter sido mais corajoso" , diz o texto. "Com altos níveis de apoio popular e condições favoráveis nos mercados financeiros internacionais, esse teria sido o momento ideal para começar uma reforma, longamente adiada, das leis trabalhistas, das quais algumas datam da década de 1930."

Para o FT, apenas com a reforma trabalhista e do sistema previdenciário o Brasil poderá ampliar seu ritmo de crescimento.

O diário econômico britânico chamou a Previdência Social brasileira de "absurdamente injusta" e a lei trabalhista de "antiquada". O editorial diz que o sistema previdenciário acaba "beneficiando grupos seletos de trabalhadores de elite em estatais" e funcionários públicos, terminando por afastar os mais pobres do mercado formal de trabalho.

"Muitos trabalhadores ainda se aposentam com pouco mais de 50 anos. Em muitos grupos privilegiados, como os militares e o Judiciário, benefícios generosos são estendidos aos familiares através de gerações", afirma o FT.

O editorial lamenta que as duas reformas estejam fora das prioridades do governo brasileiro.

"Mudanças no sistema previdenciário deverão ser debatidas, mas parecem improváveis de acontecer; a reforma trabalhista está -dizem ministros- fora da agenda. É uma pena. Sociais-democratas no vizinho Chile (e na Europa) beneficiaram seu país ao abraçar reformas modernizadoras. Mr Lula da Silva deveria fazer o mesmo."

De qualquer forma, o FT reconhece que elevar os investimentos em infra-estrutura é imprescindível para sustentar um maior crescimento econômico.

O PAC, diz o jornal, propõe iniciativas amparado pela estabilidade conquistada nos últimos quatro anos para melhorar a qualidade dos transportes e para ampliar os incentivos aos investidores.

"Medidas para impulsionar os investimentos em infra-estrutura são muito necessários se o Brasil quiser se expandir acima da média de 2,5% anuais registrada nos anos recentes", afirma o editorial. "Mas o novo pacote de Mr Lula da Silva não chega nem perto do ideal."

Tuesday, February 06, 2007

Como a economia reage a um ataque terrorista?

The Economist
05/02/2007

A economia é uma profissão chocante. Não que os economistas sejam incompetentes, trabalhem em meio à sujeira ou tenham hábitos repulsivos. "Chocante" é o que ele fazem. Eles partem de um modelo da economia, administram um choque a ela - por exemplo, um súbito aumento no preço do petróleo, algum avanço tecnológico ou uma eliminação de tarifas - e examinam o que acontece com a produção, preços, emprego etc.

Imagine um salto nos preços do petróleo: a produção cai, os preços sobem; dependendo das expectativas inflacionárias e da reação do banco central, pode se seguir uma persistente onda inflacionária. Introduza alguns números plausíveis nos lugares certos, use algumas estatísticas sofisticadas e aplique uma boa dose de processamento de dados e você poderá estimar a dimensão dos efeitos.

Quase todos esses exercícios envolvem, na verdade, mudanças na média de um número ou de um valor esperado (em jargão estatístico, o "primeiro momento" de sua distribuição de probabilidades): e se o preço do petróleo dobrar? Mas os economistas dedicam pouco tempo calculando o que ocorrerá se o mundo tornar-se mais incerto: e se o preço do petróleo provavelmente ficar na faixa de, digamos, US$ 20 a US$ 100 em vez de entre US$ 50 e US$ 60? Indagações desse tipo (sobre o "segundo momento") são certamente mais difíceis de responder - os cálculos matemáticos são mais complicados, porém mesmo assim importantes.



E são importantes em parte pela simples razão de que o comportamento das pessoas pode mudar se o mundo subitamente se tornar um lugar com menos (ou mais) certezas. Além disso, destaca Nick Bloom, economista britânico na Universidade Stanford, eventos que elevam a incerteza, medida pela volatilidade dos preços de ações de empresas americanas, são relativamente freqüentes. O mais evidente exemplo recente de um grande choque de segundo momento foram os ataques terroristas de 11 de setembro de 2001; mas houve outros nas últimas décadas, do assassinato de John Kennedy ao colapso da fundo americano Long-Term Capital Management e da Enron (veja gráfico).
Os economistas não se deixaram intimidar por choques de segundo momento. Com efeito, em 1983 um jovem economista americano chamado Ben Bernanke publicou uma análise examinando como os investimentos seriam afetados por incertezas. Incertezas, disse ele, podem resultar num incremento do lucro das empresas - em conseqüência de um adiamento, em vez da realização imediata, de um investimento irreversível.
Bloom revisitou o tema com um tratamento mais aprofundado, viabilizado pelas modernas técnicas de modelagem e ferramentas de computação. Num estudo apresentado no mês passado à reunião anual da Associação Econômica Americana (AEA), em Chicago, ele descreve um modelo no qual as empresas decidem quanto investir e quantos trabalhadores empregar. O mundo no qual elas operam é incerto, no sentido de que suas receitas podem variar. Ele introduz um "choque de incerteza" no modelo com a premissa de que a variabilidade das receitas das empresas sobe repentinamente - usando dados de choque ocorridos ao longo dos últimos 45 anos, ele supõe que o desvio padrão, uma medida estatística de variabilidade, dobre antes de voltar a seu antigo nível no prazo de poucos meses.
O modelo prevê, assim como a análise de Bernanke, que as empresas esperam para ver o que vai acontecer. Em virtude de o futuro ser menos definido, a chance de que a demanda venha a ser muito baixa (ou muito alta) é maior. O valor da espera, portanto, aumenta. As empresas que de outra forma teriam ampliado seus investimentos ou contratado mais trabalhadores adiam seus planos. Por outro lado, as empresas que vinham encolhendo adiam as decisões de corte de pessoal. Mas o efeito líquido é que investimento e emprego diminuem. A produtividade também cai: devido ao adiamento de contratações e de cortes de pessoal, os trabalhadores deixam de ser remanejados de empresas menos produtivas para outras, mais produtivas. À medida que a incerteza volta aos níveis normais, há uma retomada dos investimentos, emprego e produtividade.
Bloom acredita que seu modelo reproduz razoavelmente bem o que aconteceu no período após os ataques em 11 de setembro. O crescimento líquido do emprego nos EUA caiu sensivelmente nos três meses após os ataques - a julgar pelas estimativas de economistas de meados de agosto, havia 1 milhão de empregos a menos do que o esperado para o fim do ano - mas registrou uma recuperação no primeiro trimestre de 2002. Os investimentos também diminuíram e se recuperaram. A percepção de que a incerteza cresceu transparece ainda nas atas de reuniões do banco central à época. Uma autoridade comentou que algumas famílias e empresas estão entrando em "compasso de espera... Estão pondo em banho-maria suas decisões de gastos de capital".
Para as autoridades monetárias, diz Bloom, é importante distinguir choques de segundo momento, que parecem não durar muito, de choques de primeiro momento, cujos efeitos são mais duradouros. Se o banco central errar e considerar um crescimento temporário da incerteza como um choque permanente, ele pode, por exemplo, cortar os juros mais do que deveria, com resultados inflacionários. Para tornar as coisas mais difíceis, choques de primeiro e de segundo momentos provavelmente acontecem simultaneamente.
Bloom acredita que o Fed e outros bancos centrais reagiram inteligentemente aos ataques de 11 de setembro. Ainda assim, sugere o exame de algumas informações que podem ajudar a distinguir os dois tipos de choques. Em primeiro lugar, um brusco aumento na volatilidade do mercado acionário é um sinal de maior incerteza. Em seguida, os diferentes tipos de choques devem produzir efeitos distintos nas empresas. Um forte choque de primeiro momento reduz as atividades de todas as empresas. Mas um aumento da incerteza que faça com que todas as empresas ponham seus planos em banho-maria paralisará (ou desacelerará) o crescimento das empresas que estão crescendo, mas fortalecerá as empresas que estão se contraindo.
Choques de incerteza são sempre transitórios? Quase sempre. Nenhum dos exemplos (veja gráfico) durou muito. No século passado, Bloom distingue só um episódio assim: a Grande Depressão. Entre 1929 e 1932, a volatilidade média nas bolsas foi 30% maior que após os ataques de 2001. O prolongado surto de incerteza (agravado por más decisões de política monetária) conteve o "espírito animal" no qual John Maynard Keynes tanto apostava, com efeitos catastróficos sobre investimentos e nível de emprego. As conseqüências macroeconômicas diretas do 11 de setembro, apesar de todo o terror letal, foram muito mais breves.

Thursday, February 01, 2007

Ata do Copom

A íntegra da ata da última reunião do Copom está aqui.

SÃO PAULO (Valor Online) - Maiores pressões de aumento de preços - aparentemente " isoladas e transitórias " -, o crescimento econômico e os incentivos já promovidos para estimular o consumo levaram a maioria dos integrantes do Comitê de Política Monetária (Copom) à decisão mais cautelosa de reduzir o juro básico Selic em apenas 0,25 ponto, para 13% anuais, na reunião de janeiro. Cinco diretores acreditaram que o cenário atual exige " parcimônia já a partir desta reunião " . De acordo com a ata do encontro, porém, essa visão não foi compartilhada por todos: três diretores avaliaram que o balanço de riscos à estabilidade econômica ainda sustentaria um corte maior, de 0,5 ponto.

" A maioria dos membros do Copom ressaltou que as informações sobre o cenário macroeconômico disponíveis neste momento justificavam uma mudança de ritmo de flexibilização " , diz o texto, divulgado há pouco. " Um conjunto de pressões de preços, a princípio isoladas e transitórias, atinge a economia em um momento em que a demanda doméstica se expande a taxas robustas " . O dever do Banco Central, nesse caso, é evitar que as elevações pontuais de preço se estendam por prazos mais longos e ameacem a trajetória da inflação. As maiores pressões, segundo o Copom, derivam dos preços de alimentos e dos reajustes de tarifas de transportes públicos.

Esses repiques de preço ocorrem, de acordo com o BC, em um momento de aquecimento da demanda, que deve continuar ao longo dos próximos meses. Além da esperada recuperação do nível de emprego e renda, e da oferta de crédito, os diretores levaram em conta ainda aumentos de transferência de recursos do governo e incentivos fiscais previstos para 2007. " Dessa forma, os efeitos defasados dos cortes de juros sobre uma demanda agregada que já cresce a taxas robustas se somarão a outros fatores que continuarão contribuindo de maneira importante para a sua expansão " , explica a ata.

O BC admite que as importações, que sobem a taxas superiores às das vendas ao exterior, têm ajudado a manter a inflação contida. Na ata da reunião de janeiro, os membros do Copom dizem que as importações estão " complementando a produção doméstica e, assim, permitindo que os efeitos inflacionários do crescimento sustentado da demanda agregada continuem sendo limitados " .

O Copom cita ainda a presença de novas incertezas no cenário internacional. A preocupação antiga, que era o aumento das cotações do petróleo, diminuiu com a queda recente dos preços. No entanto, o BC vê agora um " ambiente de menor liquidez global " após a elevação dos juros dos países desenvolvidos e também um " contexto de moderação do crescimento internacional " .

(Paula Cleto | Valor Online)

A lista

A Lista (Oswaldo Montenegro)

Faça uma lista de grandes amigos
Quem você mais via há dez anos atrás
Quantos você ainda vê todo dia
Quantos você já não encontra mais

Faça uma lista dos sonhos que tinha
Quantos você desistiu de sonhar
Quantos amores jurados pra sempre
Quantos você conseguiu preservar

Onde você ainda se reconhece
Na foto passada ou no espelho de agora
Hoje é do jeito que achou que seria?
Quantos amigos você jogou fora

Quantos mistérios que você sondava
Quantos você conseguiu entender
Quantos defeitos sanados com o tempo
Eram o melhor que havia em você

Quantas mentiras você condenava
Quantas você teve que cometer
Quantas canções que você não cantava
Hoje assobia pra sobreviver

Quantos segredos que você guardava
Hoje são bobos ninguém quer saber
Quantas pessoas que você amava
Hoje acredita que amam você

A lógica econômica do iPhone - parte 2

Continuando com a análise do lançamento do iPhone no mercado norte-americano.

3- As empresas adotarão o iPhone?

Se uma empresa já está sob contrato com a divisão empresarial da Cingular, será fácil a elas adicionarem o iPhone à lista de aparelhos disponíveis para seus empregados. Entretanto, o iPhone é significativamente mais caro que o BlackBerry mais barato, e não se acredita que as empresas pagarão um “premium price” pelas funcionalidades de mídia adicionais do novo aparelho. Assim, apesar de não se esperar adoção geral do iPhone pelas empresas, a maioria dos funcionários carregam um aparelho particular, um aparelho da empresa para checagem de e-mails e possivelmente um iPod. E estes funcionários em especial serão os candidatos potenciais para a troca para o iPhone (que é um 3 em 1).

4- o iPhone estará disponível para outras operadoras?

A Apple e a Cingular assinaram um acordo exclusivo de dois anos. Entretanto, não está claro se o contrato aplica-se somente a este modelo do iPhone ou também aos futuros modelos lançados durante o período do contrato. Acredita-se que a Apple lançará novos modelos rapidamente (como faz com o iPod) e que esses modelos estarão eventualmente disponíveis para outras operadoras, possivelmente até mesmo antes do contrato com a Cingular expirar. Com isso, o mercado potencial automaticamente aumenta para além dos 58 milhões de assinantes da Cingular. Certamente a Apple usará outras operadoras em outros países; a empresa indicou que pretende expandir a distribuição do iPhone para a Europa no quarto trimestre de 2007 e para a Ásia em 2008. Como consequência, a empresa deverá desenvolver outras versões do iPhone para estes mercados (CDMA etc.), que também serão vendidos em parceria com outras operadoras nos EUA, logo após ou até mesmo antes do acordo de exclusividade com a Cingular expirar.