Sunday, August 16, 2009

Resposta para bibi.sdomingues

Fiquei muito feliz com o post recebido, mais de dois anos após minha última coluna aqui, do/a usuário/a bibi.sdomingues. Fez questão de comentar o editorial do Fernando Henrique Cardoso, publicado no O Estado de S. Paulo nos meses que antecederam a última campanha presidencial. Replico abaixo o comentário (erros de portugês do original):

"Veja só quem está falando. Esqueceu os escandalos da Pasta cor de rosa, com maioria tudo era engavetado, não se investigava nada. E a privatização da Vale ( patrimônio do povo brasileiro) que após sua venda(entrega, doação)num único semetre teve um lucro superior ao preço que foi vendida.Acho FHC deve ficar calado o Brasil está muito melhor com o retirante do estava com o "doutor".

Gostaria de ter respondido à pessoa, mas quando procurei pelo seu blog por aqui, recebi uma mensagem do sistema informando que o usuário havia escolhido não tornar público seu perfil. Aí estava a resposta para o que eu procurava saber: com certeza é petista. Como seu partido, escolhe as sombras com medo de ser achado.

Pois bem, respondo neste espaço que é meu, mas é público; todo mundo pode acessar.

Caro/a bibi.sdomingues, sobre seus argumentos que tentam defender a posição de que o País está melhor hoje do que há oito anos:

ARGUMENTO NÚMERO 1 - O chamado Dossiê da Pasta Rosa, divulgado em dezembro de 1995, consistia em um conjunto de documentos que mostrava uma contribuição de 2,4 milhões de dólares do Banco Econômico, de Ângelo Calmon de Sá, para a campanha de 25 candidatos nas eleições de 1990. Naquele tempo, empresas eram proibidas de ajudar financeiramente as campanhas. Verbas para candidatura de outros 24 políticos também teriam sido doadas pela Federação Brasileira de Bancos (Febraban). Nenhuma das contribuições foi registrada como verba eleitoral, configurando suposta prática de caixa 2.

Autor do dossiê – Não se sabe quem confeccionou o dossiê. Comprovou-se apenas que, dois meses após a intervenção do Banco Central (BC) no Banco Econômico, ocorrida em agosto de 1995, Flávio Barbosa, o interventor nomeado pelo BC, achou a pasta cor-de-rosa numa saleta ao lado do banheiro do gabinete do banqueiro Calmon de Sá. Ela foi guardada no cofre do então diretor de Normas e Fiscalização do BC, Cláudio Mauch, e posteriormente entregue à Receita Federal.

Acusados – Ao todo, 49 políticos foram acusados. O principal era Antônio Carlos Magalhães, que na ocasião elegeu-se governador da Bahia pelo PFL e teria recebido, sozinho, 1,114 milhão de dólares do Banco Econômico. Faziam parte da lista outros nomes como o do senador José Sarney, deputados federais Renan Calheiros, de Alagoas, Ricardo Fiúza, de Pernambuco e Benito Gama, da Bahia. Os nomes de outros candidatos a governador também figuravam na lista, como Joaquim Francisco, por Pernambuco e José Agripino Maia, pelo Rio Grande do Norte.

Acusação – A documentação do dossiê indicava a existência de um sistema organizado de financiamento eleitoral ilegal, com base na prática de caixa 2. À época, o Banco Econômico, de propriedade de Ângelo Calmon de Sá, e a Federação Brasileira de Bancos (Febraban) fizeram remessas milionárias para as campanhas eleitorais de 49 candidatos no pleito de 1990, desobedecendo a Constituição.

Conclusão da Justiça – Ângelo Calmon de Sá foi indiciado pela Polícia Federal por crime contra a ordem tributária e o sistema financeiro, com base na Lei do Colarinho-Branco. O procurador-geral da República, Geraldo Brindeiro, pediu o arquivamento do inquérito em fevereiro de 1996. No final da década de 1990, Brindeiro ganharia a alcunha de "engavetador-geral da República", tantas foram as denúncias às quais não deu procedência. Nenhum político foi punido por causa do escândalo. Cinco anos depois da falência do Banco Econômico, em agosto de 1999, Calmon de Sá negou ter dado a milionária contribuição eleitoral ilegal para o principal acusado, o político Antônio Carlos Magalhães (PFL-BA), admitindo ter doado verbas apenas com as campanhas de "quatro ex-funcionários do banco."

CONCLUSÃO DO ARGUMENTO NÚMERO 1 - A vergonha do país é seu sistema governamental. Coroneis dominam aquilo desde a monarquia. Mas isso não é justificativa para achar que essa é a única forma de se fazer as coisas por lá. Essa é a lógica do PT, a ética trotskiana, a ética de xerém, a ética Dirceuziana. Como se vê, alguns acusados do caso são da mesma turminha que o papai-presidente de hoje defende. Coincidência? De maneira nenhuma. Uma vez salafrário, sempre salafrário. Mas parece que papai Lula acha que uns salafrários têm mais direitos que outros. Vale tudo para o petismo se manter no poder. Até passar por cima do que se achava ser a base ética do partido. Mas quem tem Dirceu como mentor só pode oferecer o que vem oferecendo.

ARGUMENTO NÚMERO 2: A privatização da Vale do Rio Doce.

Sua afirmação de que "após sua venda(entrega, doação)num único semetre teve um lucro superior ao preço que foi vendida", ela mesma anula o seu voto contra a privatização. Pois, se uma empresa torna-se muito mais lucrativa do que quando era estatal, é de se pensar que outras também poderiam ter o mesmo destino.

A Vale foi vendida de graça? Eu acho. Dois bancos internacionais foram chamados para fazer a avaliação da companhia que seria leiloada, sendo um deles a Merrill Lynch. Por uma razão que até hoje muitos economistas não conseguem entender, os bancos escolhidos concordaram em avaliar a Vale apenas pelo critério de fluxo de caixa existente à época, descontado, não levando em conta o valor potencial de suas reservas de minério de ferro (que entraram no negócio por valor zero) - e que eram capazes de abastecer o mundo pelos próximos 400 anos.

Mas isso não é argumento para demonizar privatizações. Se elas forem feitas com critérios técnicos justos, sou totalmente a favor.

O problema com o petismo é que seus integrantes vivem na época trotskiana de se fazer política e negócios. Parecem uma criança que bate o pé querendo o mesmo picolé que sempre teve, mesmo quando todos já querem o modelo novo, melhor que o antigo.


No comments: